Brasil registra 21 medalhas de ouro e iguala desempenho histórico de Londres 2012
03/09/2021 14:45 em Jogos Paralímpicos

O décimo dia de competições nos Jogos Paralímpicos de Tóquio ficou marcado pela conquista inédita da medalha de ouro para o Brasil no goalball masculino e pela dobradinha brasileira no pódio do arremesso de peso (classe F57), com Thiago Paulino em primeiro lugar e Marco Aurélio Borges em terceiro.

Com esses resultados, o Brasil chegou a 21 medalhas douradas e igualou a melhor marca em uma única edição dos Jogos. O primeiro recorde de 21 ouros havia sido alcançado em Londres 2012. Já erm Tóquio, o Brasil também já alcançou a histórica marca de 100 medalhas de ouro na história dos Jogos Paralímpicos, após a vitória do fundista Yeltsin Jacques na prova dos 1.500m, no último dia 31.

As outras medalhas do dia vieram com a prata de Luís Carlos Cardoso, nos 200m (classe KL1) da canoagem, e os bronzes de João Victor Teixeira, no lançamento de disco (classe F37), de Silvana Fernandes no parataekwondo (classe K44 para atletas até 58kg) e Wendell Belarmino nos 100m borboleta (S11).  

O Brasil soma agora 61 medalhas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, com 21 ouros, 14 pratas e 26 bronzes, na sétima colocação no quadro de medalhas geral. A China lidera com 85 ouros e 184 medalhas, com a Grã-Bretanha em seguida, com 111 medalhas, sendo 37 de ouro, e os Estados Unidos em terceiro lugar, com 34 medalhas de ouro e um total de 92 medalhas.

Goalball

O Brasil fez história ao conquistar a inédita medalha de ouro no goalball masculino nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. O time subiu ao lugar mais alto do pódio após vencer a China por 7 a 2, na manhã desta sexta, 3, no Makuhari Messe Hall C. Os gols do título foram marcados pelo capitão da equipe, Romário (1), Parazinho (3) e Leomon (3).

Na modalidade, com a equipe masculina, o país só não havia conquistado a medalha dourada em Jogos Paralímpicos, já que o país havia ganhado a prata em Londres 2012 e o bronze no Rio 2016.

Na fase de grupos, o Brasil obteve três vitórias e uma derrota, para os Estados Unidos. Nas quartas de finais, os brasileiros venceram a Turquia antes de superar pelas semifinais a Lituânia, que ficou com a medalha de bronze ao vencer os Estados Unidos por 10 a 7 na disputa do terceiro lugar. 

No feminino, o Brasil terminou o torneio na quarta colocação ao ser superado pelo Japão por 6 a 1. Assim, a equipe repete em Tóquio a mesma colocação que havia conquistado nos Jogos Rio 2016, a melhor das mulheres brasileiras na modalidade em Jogos Paralímpicos.

A campanha do Brasil na fase de grupos teve duas derrotas (EUA e Turquia), um empate (Japão) e uma vitória (Egito). Depois, o time venceu a China nas quartas de final e perdeu dos EUA na semifinal.

O goalball é o único esporte exclusivo para atletas com deficiência. Apesar de marcar presença entre as quatro finalistas há duas edições, o Brasil jamais chegou ao pódio entre as mulheres. As maiores conquistas foram o bronze no mundial da Suécia, em 2018, além dos títulos parapan de Toronto 2015 e de Lima 2019.

A Turquia confirmou o favoritismo, derrotou os EUA por 9 a 2 na final e conquistou a medalha de ouro.

Atletismo

Em uma prova emocionante, o paulista Thiago Paulino conquistou, na manhã desta sexta, 3, a medalha de ouro no arremesso de peso (classe F57), nos Jogos de Tóquio, ao cravar a marca de 15,10m, novo recorde paralímpico. A prata foi para o chinês Guishan Wu (15,00m) e o outro brasileiro Marco Aurélio Borges (14,85m), faturou o bronze.

O ouro de Thiago Paulino é o nono do atletismo brasileiro e o 21º do Brasil nos Jogos de Tóquio, igualando o recorde histórico de títulos do país na história da competição, obtido em Londres 2012.

"Faltava esse ouro paralímpico. E foi do jeito que eu imaginava, com emoção. Quero parabenizar o Marcão, que fez uma ótima prova. O chinês eu já esperava que viria forte. Foi uma competição de alto nível e eu não podia decepcionar. Estava muito preparado, treinamos bastante e fomos recompensados", comentou Thiago Paulino. "Perdi minha mão no ano passado e ela queria muito me ver com o ouro. Então eu dedico essa medalha especialmente para ela", completou o atleta.

Marco Aurélio também comemorou o ótimo resultado. "É a concretização de uma carreira de quase 20 anos dedicada ao esporte paralímpico. Foi um ciclo difícil para mim. Ter ficado fora do Rio por conta de uma lesão, mudar de classe, reaprender a arremessar e, ano após ano, ganhar posições no ranking mundial", contou Marcão. "Mas na hora certa eu consegui crescer, fiz uma prova bem estratégica e o bronze veio".

O lançador João Victor Teixeira ficou com a medalha de bronze no lançamento de disco (classe F37). O brasileiro evoluiu ao longo da prova até conseguir o arremesso que o colocou no pódio. Depois de queimar a primeira tentativa, o carioca lançou para 46,94m, 48,24m e 48,22m. Na quinta e penúltima rodada, o atleta, enfim, cravou 51,86m. O ouro ficou com o paquistanês Haider Ali, com 55,26m. A prata foi para o ucraniano Mykola Zhabnyak, com 52,43m.

“Minha prova teve um nível forte, mas vim preparado. O que me surpreendeu não foram meus adversários, mas a chuva e o setor molhado, que não ajudava para eu colocar em prática tudo aquilo que treinei. Não consegui fazer minha melhor marca e nem o que estava fazendo em treinos aqui, mas esse bronze aí foi bem recebido”, comentou João Victor.

Outros resultados:


O brasileiro Ricardo Gomes ficou em segundo lugar na sua série de 200m (classe T37) e está classificado para a decisão da prova. Ele marcou 22s96, apenas dois centésimos atrás de Andrei Vdovin, do Comitê Paralímpico Russo.

Outros dois brasileiros correram as eliminatórias, mas não pegaram vaga na final: Christian da Costa foi quinto em sua série com 23s80, enquanto Vitor Antonio de Jesus foi sexto na primeira bateria, com 24s79.

Mateus Aser ficou em quarto lugar na sua série dos 100m rasos (classe T36) com o tempo de 12s25 e também está classificado para a final.

Dias após ir ao pódio nos 400m, que é sua especialidade, Jardênia Felix Barbosa fez a melhor marca de sua carreira no salto em distância (classe T20), bateu o recorde continental e ficou na quinta posição com 5,29m. A medalha de ouro foi para a polonesa Karolina Kucharczyk (6,03m). A prata ficou com a atleta do Comitê Paralímpico Russo, Aleksandra Ruchkina (5,49m) e o bronze com a croata Mikela Ristski (5,46m).

Na prova dos 200m (classe T12), as duas brasileiras que correram as eliminatórias ficaram fora da final. Ketyla Teodoro ficou em quarto lugar em sua bateria com o tempo de 26s74. Minutos antes, Viviane Soares também tinha ficado em quarto em sua prova, com 26s61.

Rodrigo Parreira se machucou na segunda bateria dos 100m (classe T36), não completou a prova e acabou eliminado da competição.

Canoagem

A primeira medalha do Brasil no décimo dia de competições foi na canoagem. Luís Carlos Cardoso fez história ao conquistar a prata nos 200m (classe KL1) – inédita para o país na modalidade, que havia conquistado apenas um bronze nos Jogos do Rio 2016, quando a canoagem entrou no programa dos Jogos Paralímpicos. O canoísta de Picos, no Piauí, cravou o tempo de 48s031. O ouro ficou com o húngaro Peter Kiss (45s447) e o bronze com o francês Remy Boulle (48s917). 

Depois desse feito, o piauiense voltará ao Sea Forest Waterway nesta sexta, 3, às 22h04 (de Brasília) para a semifinal do VL 200m. 

“Faltava esta medalha paralímpica. Por pouco, eu não consegui no Rio. Mas, graças a Deus, ela chegou aqui em Tóquio. Eu já sabia que o húngaro era muito forte. Agora é melhorar para 2024”, apontou o atleta.

Outros resultados: 

Fernando Rufino - 200m classe KL2  - 6º lugar  (43s217)    
Debora Benevides - 200m classe VL2 - 7º lugar (1min04s778)      
Giovane de Paula - 200m classe KL3 - 4º lugar na Final B ( 43s508)    
Caio Ribeiro   - 200m classe KL3 - 5º lugar (42s005)

Parataekwondo

Silvana Fernandes, de 22 anos, conquistou a segunda medalha do Brasil na história do parataekwondo em Jogos Paralímpicos. Um dia após Nathan Torquato ganhar primeiro o ouro (classe K44 até 61kg) da modalidade em Jogos, a brasileira venceu a turca Gamze Gurdal por 26 a 9 e ficou o bronze na classe K44 para atletas até 58kg.  

O combate que decidiu o bronze foi tranquilo. Silvana Fernandes terminou o primeiro round vencendo por 3 a 1, ampliou a vantagem no segundo com um 11 a 4 e no último foi ainda melhor, fazendo 14 a 4. O placar final acabou em 26 a 9 para a brasileira.

Na primeira luta, a paraibana derrotou a norte-americana Brianna Salviano, por 15 a 2. Mas na semifinal, a brasileira acabou derrotada pela dinamarquesa Lisa Gjessing por 8 a 6, saiu da disputa do ouro e se credenciou para brigar pelo bronze.

Natação

No último dia da natação nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, Wendell Belarmino conquistou sua terceira medalha na capital japonesa. O brasiliense foi bronze nos 100m borboleta, com o tempo de 1min05s20 na classe S11. Ele ficou atrás dos japoneses Keiichi Kimura, medalhista de ouro (1min02s57), e Uchu Tomita, que levou a prata ao fechar a prova em 1min03s59. Antes, Wendell já havia conquistado o ouro nos 50m livre e a prata no revezamento misto 4x100m - até 49 pontos. 

Desta forma, o país encerrou a sua participação na modalidade em oitavo lugar. Foram 23 medalhas, sendo oito de ouro, cinco de prata e dez de bronze.

Tais números fizeram a natação brasileira alcançar sua melhor campanha da história nos Jogos Paralímpicos, superando as 19 medalhas conquistadas em Pequim 2008 e Rio 2016. Em relação às medalhas de ouro, a marca alcançada no Japão só foi superada pela de Londres 2012 - foram nove medalhas douradas na capital inglesa. 

Resultados:

Gabriel Souza – 100m borboleta (classe S8)  – 1min05s38 – 8º lugar;
Cecília Araújo – 100m borboleta (classe S14) – 1min26s26– 6º lugar;
Ronystony Cordeiro – 50m costas (classe S4) -  46s95 - 8º lugar;
Esthefany Rodrigues - 200m medley (classe SM5) - 3min47s92 - 7º lugar;
Wendell Belarmino – 100m borboleta  (classe S11) - 1min05s20 - medalha de bronze
Revezamento masculino 4x100m medley até 34 pontos. - 4min24s61 - 7º lugar

Vôlei sentado

A Seleção Brasileira feminina acabou derrotada pelos EUA por 3 sets a 0, parciais de 25/19, 25/11 e 25/23, na manhã desta sexta-feira, 3, pelas semifinais da competição. Agora, as brasileiras vão em busca de repetir o resultado dos Jogos Rio 2016, quando ficaram com a medalha de bronze. O jogo será sábado, 4, às 4h30 (horário de Brasília), contra o Canadá.

No masculino, o Brasil buscará a medalha de bronze contra a Bósnia, neste sábado, 4, às 2h (de Brasília). A equipe perdeu a chance de ser campeã após ser derrotado pelo Comitê Paralímpico Russo por 3 sets a 1, na última quinta, 2.

Bocha

O Brasil teve duas vitórias e três derrotas nos primeiros confrontos desta sexta, 3, pela primeira fase da bocha por equipes. Na classe BC3, os brasileiros conquistaram o segundo triunfo ao bater Hong Kong por 5 a 3. Depois, acabaram superados por 5 a 2 pela Austrália.

Já na disputa das classes BC1 e BC2, o Brasil superou a Coreia do Sul por 6 a 3. Depois, perdeu de virada para o Japão por 6 a 4 e agora aguarda o resultado da partida entre os mesmos sul-coreanos e Portugal para a definição do grupo. Na classe BC4, os brasileiros acabaram eliminados ao perder para Portugal, por 3 a 2.

Na última disputa do dia, o trio brasileiro formado por Evani Calado, Evelyn de Oliveira e Mateus Carvalho perdeu, no desempate, para o Japão após empate em 3 a 3. O resultado deixou a equipe na quarta colocação do grupo B da classe BC3. Como apenas as duas primeiras seleções de cada chave se classificam, o trio brasileiro está eliminado.

Ciclismo


O brasileiro Lauro Chaman ficou em quarto lugar na prova de resistência. André Grizante terminou na 17ª colocação. Essa prova encerrou a programação do paraciclismo nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.

Ainda se recuperando da queda no contrarrelógio, Lauro completou os 92,4 quilômetros em 2h17min11s, ficando a 1min51s da medalha de bronze, que foi para o holandês Daniel Gebru com 2h15min20s. O francês Kevin le CUNFF dominou completamente a parte final da prova e garantiu o ouro com 2h14min49s, seguido pelo ucraniano Yehor Dementiev, medalhista de prata após superar uma queda ainda nas primeiras voltas.

Parabadminton

Depois de fazer história ao vencer em sua estreia no parabadminton, esporte que integra pela primeira vez o programa paraolímpico, Vitor Tavares acabou superado no confronto decisivo, que valia a vaga para a próxima fase, na classe SH6 (pessoas de baixa estatura, nanismo). Número 5 do mundo, Tavares foi derrotado pelo indiano Krishna Nagar por 2 a 0, parciais de 21/17, 21/14, ficando fora das quartas de final.

Campeão do Parapan de Lima, em 2019, e bronze no último mundial, o brasileiro se despede dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Ele era o único representante do Brasil na competição.

Tiro com Arco

Pela primeira rodada da fase classificatória do tiro com arco recurvo, Heriberto Roca foi superado pelo sul-coreano Mi Su Kim, número 6 do mundo, por 6 a 4. O brasileiro, que garantiu a vaga para Tóquio em 27º lugar entre os 32 arqueiros, se despediu da disputa dos Jogos de Tóquio.

Transmissão

Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 contam com a transmissão ao vivo dos canais SporTV e da TV Brasil.

Patrocínio

A delegação brasileira tem o patrocínio das Loterias Caixa.

(Texto: CPB. Foto: Ale Cabral/CPB)

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