Mais alto, mais rápida, mais veloz, mais explosiva. Rebeca Andrade praticamente cravou seus dois saltos e se tornou campeã no Mundial de Katyushu. Depois, em seu aparelho favorito, as paralelas assimétricas, ela conquistou a prata, um feito com o qual sonhava há muito tempo. Desta forma, Rebeca se torna a primeira representante da ginástica do Brasil a obter duas medalhas numa mesma edição de um Mundial, repetindo o que fizera nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde obteve ouro no salto e prata no individual geral.
Primeiro, a guarulhense de 22 anos confirmou sua supremacia no salto sobre a mesa, apenas dois meses e meio depois de se sagrar campeã olímpica nos Jogos. É a segunda vez que uma brasileira sobe ao degrau mais alto do pódio no Mundial, 18 anos depois de Daiane dos Santos, campeã em Anaheim-2003.
Rebeca fez um Cheng (15,133 pontos) e um Yurchenko com dupla pirueta (14,800) e ficou com uma média de 14,966 pontos. A brasileira simplesmente fez os dois melhores saltos da final. Como resultado, ela livrou quase um ponto de vantagem sobre a vice-campeã, a italiana Asia D’Amato (14,083). A russa Angelina Melnikova completou o pódio, com 13,966.
Depois de subir ao pódio, com a bandeira brasileira no lugar mais alto, Rebeca foi competir nas paralelas. Com uma bela apresentação, registrou 14,633, e garantiu a prata, numa final equilibradíssima. O ouro coube à chinesa Xiaouyan Wei, com apenas um décimo a mais. O bronze ficou com outra chinesa Rui Luo, também com 14,633. No desempate, Rebeca ficou em segundo lugar graças à melhor execução.
Durante a execução, Rebeca demonstrou enorme sangue frio, habilidade e inteligência, corrigindo a série de uma forma que apenas especialistas em ginástica puderam perceber. Ela havia feito um Tkachev (largada carpada) seguido de um Pak (passagem para a barra baixa). Em seguida teria que fazer um elemento de voo para a barra alta, sem permanecer na baixa. Ao não conseguir fazê-lo, improvisou um giro de sola na barra baixa. Se fizesse na saída um giro de sola, como previsto, seria o quarto elemento desse tipo, e não contaria para a nota. Então fez uma saída mais simples, um Tsukahara sem combinação, salvando sua série.
Esbanjando simpatia e sorrisos, Rebeca expressou seus sentimentos na entrevista. “Estou muito feliz com esse resultado. As duas medalhas são bem importantes. Depois da Olimpíada, eu tinha que controlar o que estava sentindo, e consegui. Queria muito essa medalha na paralela, há muito tempo”, disse a medalhista, que já percebe a importância que tem para o esporte brasileiro. “Hoje faço parte das lendas do Brasil. Entendo bem o lugar e a posição em que estou. Trabalho com muita força, vontade, garra. Faço tudo com amor e alegria. Tudo o que você faz assim, dá certo”.
No último dia do Mundial, neste domingo, Rebeca disputa a final da trave, às 5h, e Caio Souza estará entre os oito melhores do mundo nas barras paralelas – a final começa às 6h, com transmissão do SporTV2.
(Texto: COB. Foto: Filippo Tomasi/CBG)