Uma das mais vencedoras parcerias do esporte brasileiro está novamente reunida nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Depois de alguns anos afastados das competições, Gabriel Medina terá ao seu lado em Teahupo´o, Taiti, seu padrasto e treinador Charles Medina. Uma união que remete a muitas vitórias e que elevou Gabriel a um dos maiores surfistas da história do esporte. Juntos novamente em uma onda que Gabriel domina como poucos, o objetivo é alcançar o único título que ainda falta na carreira do tricampeão mundial: a medalha de ouro olímpica.
“Eu resolvi chamar o Charlão para estar comigo nos Jogos Olímpicos. A gente já viajou bastante, conquistamos muitas coisas juntos. Eu senti no coração e fico feliz de ele ter aceitado o convite. É uma pessoa que eu confio bastante e eu quero deixá-lo orgulhoso. A gente tem uma oportunidade muito grande aqui. Se Deus quiser a gente vai ser abençoado com uma medalha. Mas, é passo a passo. A gente gosta de levar as coisas no passo a passo, mas é um momento bem especial”, disse Gabriel, que ao lado de Charles conquistou dois títulos mundiais, além de ter vencido diversas etapas do Circuito Mundial de Surfe.
Medina também destacou os pontos positivos de ter Charles ao seu lado novamente, em uma competição tão especial como os Jogos Olímpicos. “São muitos anos juntos e é a confiança mesmo. Eu me sinto bem com ele do meu lado, então é o que faz sentido pra mim. Tudo isso que eu faço, tudo isso que eu vivi e que eu vivo, eu acho que surfar para minha família sempre vai fazer sentido. Então é bom que ele está aqui”, celebrou Medina.
A trajetória de Medina até os Jogos Olímpicos de 2024 recheada de emoções. Em 2023, também em Teahupo´o chegou na final, mas na última onda foi derrotado por Jack Robinson, perdendo a chance de avançar ao Finals e, consequentemente, brigar pela vaga olímpica. Assim, restava uma única chance no ISA Games, em Porto Rico. Ali, a estrela do tricampeão mundial brilhou. Com a ajuda do time formado por Filipe Toledo e Yago Dora, foi campeão do evento, que também teve o título do Brasil por equipes.
Passaporte carimbado, objetivo atualizado.
O tricampeão mundial colocou os Jogos Olímpicos como foco principal no ano e agora coloca todas suas energias na conquista de uma medalha inédita para coroar sua brilhante carreira. “Meu maior sonho é conquistar uma medalha olímpica de ouro. É algo muito especial para qualquer pessoa e, para mim, que já tenho 3 títulos mundiais, também é algo muito grande. O mundo inteiro está de olho, então, seria um sonho realizar isso”, vislumbrou o surfista, que dedicou uma preparação especial para a competição no Taiti..
“Eu me preparei muito por esse momento. O trabalho tem sido feito e espero ser recompensado no final. Eu treinei bastante para esse evento. Me sinto 100% fisicamente, mentalmente. É uma oportunidade que só acontece de quatro em quatro anos e eu quero aproveitar”, contou o campeão mundial de 2014, 2018 e 2021.
Um ponto que pesa a favor do surfista brasileiro na busca pela tão desejada medalha olímpica é o seu ótimo retrospecto em Teahupo´o. De 2014 a 2024, avançou às semifinais em todas as edições do campeonato. Foi à decisão em seis e conquistou o título duas vezes. Uma delas vencendo Kelly Slater em uma bateria histórica disputada em um dos mais perfeitos swells de Teahupo´o. Na mais recente disputa em Teahupo'o, Medina parou nas semifinais, diante do havaiano John John Florence. Sua conexão com o Taiti é inegável e ele explica porque seu surfe encaixa tão bem com as ondas tubulares e desafiadoras do local.
“Feliz de estar nas Olimpíadas no Taiti. Eu queria muito estar aqui, significa muito para mim. É um lugar que é muito especial pra mim. Já tive ótimos resultados e a onda aqui é muito perfeita. É a minha favorita. É uma onda que eu gosto de surfar, que me desafia e respeito muito”.
Depois de anos entre os melhores do mundo no Circuito Mundial, Gabriel diz lidar bem com o possível favoritismo em Teahupo´o. “Já passei por muitas situações de favoritismo, por estou há um tempo no Circuito Mundial. E, na real, todo mundo começa do zero na competição e tudo pode acontecer. Não ligo muito para essas coisas, eu foco em mim. Sei que tem ótimos atletas tanto do Brasil quanto estrangeiros, o nível é altíssimo. Mas eu estou focado no meu jogo. É a onda que eu gosto de surfar. Só quero aproveitar, pegar tubos e fazer o meu melhor”, afirmou Gabriel.
A janela das competições de surfe estão marcadas entre o dia 27 de julho e 5 de agosto e segundo as previsões já haverá boas ondas nos dois primeiros dias.
No Taiti, Medina está com a equipe do Brasil na base montada pelo COB a poucos metros da praia. A estrutura rendeu elogios do tricampeão mundial. “O Time Brasil conseguiu ter uma boa estrutura aqui em Teahupo´o. Não são todas as equipes. A maioria delas estão ficando no navio, que está dividido entre eles, e aqui a gente conseguiu manter a base. Fizemos umas pré-temporadas aqui e a gente conseguiu manter isso com um lugar pra ficar, pra comer, as pessoas que trabalham juntos. Então, a gente tá já tá acostumado e tá sendo sempre bem tratados, tendo tudo o que a gente precisa. Então, eu falaria que a gente está numa vantagem de se sentir em casa. Realmente a gente tá tendo tudo que a gente precisa”, destacou Gabriel.
Paris 2024 é a segunda participação olímpica de Gabriel Medina. Nos Jogos de Tóquio, em 2021, o brasileiro ficou próximo de uma medalha, mas acabou na quarta colocação. Ele está desfrutando intensamente mais essa experiência olímpica.
“É diferente do que estamos acostumados no circuito mundial. Os Jogos Olímpicos são a maior competição que existe no mundo. São poucas pessoas que podem estar aqui presentes hoje, então eu me sinto honrado. Todo mundo que faz esporte sonha estar nas Olimpíadas, porque é o seu país. Você mexe com a nação inteira, então é muito grande isso aqui. Fazer parte pela segunda vez disso tudo pra mim é um sonho. E uma medalha olímpica seria um desejo que eu quero realizar sim, com certeza”, finalizou Medina.
(Texto: COB. Foto: William Lucas/COB)