A Egressa do Programa de Pós-Graduação de Letras (PLE), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Luana de Souza Vitoriano Gonçalves, lançou o e-book “Manual de Redação para o Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná”. A obra, publicada de forma independente, está disponível on-line para download gratuito no site da editora Pedro & João Editores.
A obra é fruto do seu trabalho de pós-doutorado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), na qual a pesquisadora é bolsista de pós-doutorado júnior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto de pesquisa “Manual de redação: uma ação em prol da equidade nas formas de preparação para o Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná” tem o objetivo de levar o conhecimento pensando na equidade, ou seja, “de uma forma que seja específica para o sujeito que você pesquisa”, como afirma a autora.
A professora enfatiza que a proposta foi a criação de um manual prático e didático, em que o estudante possa acessar de forma fácil, gratuita e no momento que considerar mais pertinente. O livro busca tornar acessível o conhecimento sobre a redação no Vestibular dos Povos Indígenas. O Manual de Redação é o primeiro produto de uma coleção de materiais didáticos sobre redação a serem produzidos.
Vitoriano-Gonçalves compartilha que o desenvolvimento do Manual de Redação surgiu pela ausência de um material preparatório para os povos indígenas. “Se você entrar no YouTube e digitar redação para o vestibular, encontrará vários vídeos de alunos e de professores explicando o que é a redação no vestibular convencional. No entanto, se você pesquisar sobre redação no vestibular indígena, já não encontrará materiais disponíveis sobre esse tipo de redação nesse contexto específico“, explica a egressa do PLE.
Os métodos utilizados foram identificar as produções acadêmicas já existentes sobre o tema (estado da arte), uma pesquisa histórica sobre os vestibulares e um levantamento sobre todos os vestibulares indígenas realizados anteriormente. “As universidades do Paraná promovem o vestibular indígena de forma integrada. A cada ano, uma universidade específica é responsável por preparar aquele vestibular, e, apesar de apresentar um manual do candidato, cada universidade tem suas próprias expectativas de como a redação vai ser desenvolvida”, acrescenta Gonçalves.
“Então, fizemos um apanhado desses vestibulares anteriores para tentar identificar quais são os gêneros e tipos textuais mais comuns. Chegamos à conclusão de que os que mais apareciam eram a dissertação-argumentativa e as cartas, então focamos mais nelas nesse livro”. A autora ainda ressalta que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministérios dos Povos Indígenas recomendaram a nível nacional essa publicação.
Luana Gonçalves é doutora em Letras (2020) com a dissertação “Tecnologias, letramentos e língua portuguesa: o digital como prática inovadora no Colégio Estadual Indígena Kuaa Mbo’e”, mestra em Linguística (2016) com a dissertação “A língua portuguesa no Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná: conflitos e contradições entre políticas linguísticas e sociais de inclusão”, e graduada em Letras (2013). Toda a sua formação foi realizada na UEM. Para acompanhar as futuras publicações da autora, acesse o Instagram: @luana.svg.
Dia Internacional dos Povos Indígenas
Nesta sexta-feira (9), comemora-se o Dia Internacional dos Povos Indígenas, uma data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo informações disponíveis no site do Senado Federal, a data visa homenagear e reconhecer as tradições e contribuições culturais dos povos indígenas, além de promover a conscientização sobre a inclusão, alertando sobre seus direitos e reafirmando as garantias previstas na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
A UEM é a universidade que mais forma estudantes indígenas no Paraná, mesmo sendo a com maior distância das Terras Indígenas. São 49 formados e 69 matriculados até o momento, sendo 39 na Educação a Distância (EaD).
Para a coordenadora da Comissão Universidade para os Índios (Cuia/UEM), Maria Christine Berdusco Menezes, os povos indígenas têm buscado o ensino superior como um meio de melhorar sua qualidade de vida. “Muitos se formam e retornam para suas aldeias para trabalhar em escolas e postos de saúde, por exemplo”, destaca a coordenadora. “A Cuia desenvolve um trabalho de acesso e permanência dos indígenas no ensino superior. Para isso, realiza ações constantes como a divulgação do vestibular, matrículas e todo acompanhamento para poderem permanecer e se formar, como a realização de um Plano Individual de Acompanhamento do Estudante Indígena (Piaei).”
A respeito dos desafios enfrentados pela comissão, Menezes acrescenta: “Um dos desafios que a Cuia tem enfrentado é a promoção da saúde mental aos estudantes indígenas. Esse tema tem sido muito discutido entre os alunos com a Cuia, e eles demandam atendimento psicológico, principalmente os jovens que saem do ensino médio e enfrentam outra realidade.”
Vale destacar o papel desempenhado pela Articulação dos Universitários Indígenas da UEM (Auind). Fundada em 2018, a Auind tem o objetivo de promover o bem-estar, práticas de inclusão étnica e social eficazes no âmbito acadêmico. Além de promover ações para o enfrentamento e combate às práticas preconceituosas e racistas, a Auind também busca ser um espaço de acolhimento para os novos estudantes que ingressam na universidade.
(Ana Laura Correa/UEM)