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Universidade Estadual de Maringá integra GT que projeta rede de supercomputadores no Paraná
Notícias de Maringá
Publicado em 29/08/2024

O Grupo de Trabalho (GT) criado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) para estudar a implantação de uma rede de supercomputadores nas Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) tem até o final de setembro para concluir o projeto de aquisição e transferência da tecnologia do Centro de Desenvolvimento de Computação Avançada (C-DAC) da Índia, instituição parceira no programa, que hoje é referência mundial em pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia. 

Desde a semana passada, o GT está acompanhando a comitiva do C-DAC, que está visitando o país para conhecer as estruturas e demandas a fim de idealizar a implantação da rede de computação de alto desempenho (HPC) no Paraná. Na semana passada, os técnicos indianos estiveram em Curitiba, Londrina e Brasília e, esta semana, visitam Ponta Grossa e Foz do Iguaçu. Nesta última cidade, vão ocorrer as reuniões técnicas de fechamento de todos os dados levantados pelos representantes da comitiva indiana e do GT. 

O reitor da UEM, Leandro Vanalli, e o diretor-adjunto do Centro de Ciências Exatas (CCE) da UEM, Diogo Rossoni, estiveram presentes na recepção da comitiva pelo governo do Paraná, em Curitiba, ao lado de representantes de outras IEES e órgãos envolvidos. Vanalli destaca que esta rede computacional tem potencial para gerar benefícios em cadeia, começando pelas instituições participantes, impactando o Estado e, por fim, a sociedade. “Os supercomputadores vão impulsionar a pesquisa acadêmica, permitindo a realização de simulações complexas, o processamento de grandes volumes de dados e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Com isso, vamos elevar a qualidade do ensino e promover avanços científicos significativos em diversas áreas do conhecimento."

Representando a UEM, Rossoni integra o GT e conta que sem ter conhecimento deste projeto com o centro indiano, iniciado há alguns anos pelo pesquisador sênior da Fundação Araucária, Jorge Edson Ribeiro, buscou a Seti no ano passado para tratar exatamente da instalação de um supercomputador na UEM através de um projeto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). 

“Acabei entrando em contato com o professor Jorge e juntamos forças no mesmo projeto. A conversa com os indianos já rendeu a aquisição de um primeiro supercomputador que foi instalado em 2021 na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), para servir como uma prova de conceito do projeto. Agora, teremos mais duas máquinas principais no Estado, uma delas direcionada mais ao setor acadêmico, com alto poder de processamento baseado em CPU, que ficará instalada na UEPG, e outra que servirá também ao setor público e privado, com arquitetura própria para inteligência artificial, que vai ser construída no IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), em Londrina.”

Ribeiro, idealizador da parceria com os indianos, detalhou as próximas fases. “Estamos no processo de dimensionamento desses supercomputadores. Ainda vamos precificar, dimensionar os custos de manutenção para vermos com qual máquina vamos iniciar o projeto, para daí apresentar o anteprojeto e partir para os mecanismos de financiamento. Em seguida, iniciaremos o plano de construção das máquinas e a próxima fase seria a montagem para colocá-las em operação”.

De acordo com Rossoni, a previsão é de que a rede seja formada por oito supercomputadores, sendo as duas máquinas com maior poder de processamento localizadas na UEPG e no IDR e depois uma máquina em cada uma das demais IEES - Universidades Estaduais de Londrina (UEL), de Maringá (UEM), do Norte do Paraná (UENP), do Centro-Oeste (Unicentro), do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Paraná (Unespar).

 

Processamento, aplicabilidade e banda larga

Para que o leitor tenha uma dimensão da capacidade de processamento de um supercomputador, Rossoni fez um comparativo. “Se pegarmos um bom notebook com processador i7, ele vai ter em torno de 0.25 a 0.3 teraflops de poder de processamento. Com o supercomputador, estamos pensando em ter a nível de Estado 1.5 petaflops de potência, ou seja, teríamos aproximadamente o equivalente a 6 mil computadores de processamento. Vale frisar que, enquanto um teraflop corresponde a um trilhão de operações matemáticas por segundo, um petaflops corresponde a um quatrilhão de operações. Como nossas demandas são gigantescas, tanto na área de processamento, de inteligência artificial e de armazenamento de informação, dá para imaginar a grandeza que iremos ter. Além disso, penso que ao ampliarmos nosso espaço de armazenamento teremos um grande avanço da nossa segurança das informações sensíveis.”

Segundo Rossoni, está em andamento em paralelo um outro projeto que está sendo conduzido pela Seti e UEPG que prevê a disponibilidade de uma banda de alta velocidade em todos os locais da rede de supercomputadores para que as unidades computacionais possam trocar informações de forma ágil. “Podemos dizer que este é um projeto-irmão, pois a perfeita funcionalidade da rede de supercomputadores vai depender plenamente da conectividade digital que teremos”, detalha Rossoni.

O docente da UEM também afirma que a aplicabilidade desta rede “é gigantesca, para o avanço de pesquisas em áreas, como bioinformática, agricultura de precisão, genômica, novos modelos matemáticos e inteligência artificial”.

“Este projeto deve colocar o Paraná, em especial as universidades estaduais, no cenário da computação mundial. Nenhum Estado fez esse tipo de investimento de compra de supercomputadores voltado para a pesquisa. Nada impede de que passemos de importadores para exportadores desta tecnologia. Vamos ter acesso ao que as melhores universidades do mundo têm no seu dia a dia, ou seja, tecnologia de ponta com fácil acesso, treinamento e qualificação. Sem dúvida, será um catalisador de desenvolvimento tecnológico e científico gigantesco”, conclui Rossoni. 

Segundo a Seti, a estrutura terá alinhamento com o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapd), e com a rede de centros de computação de alto desempenho instituída pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e coordenada pelo Laboratório Nacional de Computação Científica.

Integram o GT, Ivan Carlos Vicentin, da Seti; Jorge Edison Ribeiro e Linnyer Beatrys Ruiz Aylon, da Fundação Araucária/Tecpar - Instituto de Tecnologia do Paraná; Diogo Rossoni, da UEM; Guilherme Galante, da Unioeste; e Luiz Gustavo Barros, da UEPG. Além disso, também colaboram os bolsistas do Tecpar, Cassio Henrique dos Santos Amador, José Marcelo Almeida Prado Cestari e Jeniffer Cristina dos Santos, sob a coordenação de Simone de Fátima Campos.

A próxima etapa será uma visita da comitiva brasileira à sede do C-DAC, na Índia, programada para este ano. 

C-DAC - Ligado ao Ministério da Eletrônica e Tecnologia da Informação da Índia, o C-DAC conta com mais de 4 mil profissionais envolvidos e uma estrutura de governança financeira sólida e já treinou mais de 20 mil pessoas ao redor do mundo no uso da tecnologia dos supercomputadores. A visita ao Estado vai ajudar na organização e dimensionamento das máquinas e data centers que devem ser implantados no Paraná. Londrina, no norte do Estado, conta com uma filial da empresa indiana TCS, líder global em serviços de tecnologia que anunciou expansão dos negócios na cidade, e Pato Branco, sede da empresa Hi-Mix, que será responsável pela montagem dos supercomputadores no Estado.

Participam da comitiva do C-DAC, o diretor-geral, Magesh Ethirajan; o diretor-executivo, Aditya Kumar Sinha; o diretor-sênior da Rede de Computação de Alto Desempenho (HPC), Sanjay Annasaheb Wandhekar; o diretor-associado de Bioinfomática, Uddavesh Bashkar Sonavane; o diretor-associado de HPC, Prashant Prabhakar Dinde; e o cônsul-geral da Índia em São Paulo, Shivamurthy Preetham.

(Marilayde Costa UEM com AEN)

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