UEM sedia I Workshop da SBM de Mulheres na Matemática

Publicado em 27/09/2024

Em homenagem à cientista Keti Tenenblat, uma das maiores referências mundiais na área de Geometria, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) promovem, de 2 a 4 de outubro, o I Workshop da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) de Mulheres na Matemática. O workshop reunirá mulheres que atuam na docência e na pesquisa matemática em todas as regiões do Brasil e em todos os níveis de ensino. De acordo com o Departamento de Matemática (DMA), as inscrições devem ser feitas até 2 de outubro pelo site do evento.

Segundo a organização, esta é a primeira edição do workshop, que deverá ser realizado a cada dois anos em locais diferentes. O objetivo do evento é promover a discussão sobre a questão de gênero na área de Ciências Exatas e a maior representatividade feminina na área de pesquisa e ensino no Brasil. Durante os três dias, os inscritos poderão participar de plenárias, mesas-redondas, rodas de conversa, sessão de pôsteres e autógrafos, oficinas e minicursos. Além da inscrição no evento, os interessados em participar dos minicursos e rodas de conversa precisam se inscrever nas atividades, pois as vagas são limitadas.

Estão confirmadas nas plenárias do Workshop cinco renomadas pesquisadoras da academia. São elas: Manuela da Silva Souza, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Gabrielle Nornberg, da Universidad de Chile; Regilene Delazari, da Universidade de São Paulo (USP); Maria Soledad Aronna, da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp); e Maria Eulália Vares, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

De acordo com a professora Valéria Cavalcanti, do Departamento de Matemática (DMA), da UEM, e organizadora do evento, o objetivo do workshop é discutir a representatividade feminina nas Ciências Exatas, em particular na Matemática. “Embora a presença de mulheres seja similar à dos homens nos cursos de graduação em Matemática, ela diminui drasticamente em cursos de pós-graduação e cargos mais altos. “É o que chamamos de ‘efeito tesoura’. Para se ter uma ideia, apenas 8% das bolsas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em Matemática e Estatística são concedidas para as mulheres, o que demonstra a desigualdade. O evento busca promover o interesse das meninas pela Matemática desde cedo, combater estigmas e desestímulos enfrentados por elas, e criar um ambiente de apoio para a continuidade de suas carreiras acadêmicas e científicas. Além disso, serão discutidos temas como assédio, maternidade e a diversidade no ambiente acadêmico, onde ainda prevalece uma cultura masculina. A meta é reduzir disparidades e alcançar igualdade em todos os níveis da carreira”, detalha Cavalcanti.

A coordenadora do evento destaca ainda que o evento é aberto a todos, independentemente de gênero ou formação escolar ou acadêmica. “Não é um evento só para mulheres. Os homens precisam saber o que a gente está discutindo, eles precisam entender as nossas angústias e anseios, para que possam nos ajudar também.”

Programação e premiações

Durante o evento também vai ocorrer o 1º Encontro do Programa de Mentorias para Mulheres na área de STEM (sigla em inglês de ciência, tecnologia, engenharia e matemática). “Este Programa, idealizado pela SBM e pela SBF (Sociedade Brasileira de Física), reúne professoras de universidades públicas ou privadas de todo o País como mentoras e também alunas de pós-graduação, professoras em início de carreira e alunas de pós-doc como mentorandas”, esclarece Cavalcanti que também é coordenadora do Programa. O objetivo do Programa é fornecer treinamento e orientação para mulheres jovens que estão no começo de suas carreiras e têm que lidar com vários desafios da carreira acadêmica.

Na programação, vários atrativos, como minicurso de Python, apresentação de novidades da pesquisa na área da Matemática e sessão de autógrafos de autores de livros da SBM, como a professora Cecília Fernandez, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e o professor Marcelo Escudeiro Hernandes, da UEM.

A SBM e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) também vão anunciar, no evento, as vencedoras do “Prêmio Elas na Matemática”. A iniciativa, que tem apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), distribuirá R$ 30 mil para as premiadas em três categorias do concurso: “Jovem Cientista Destaque de Matemática do Brasil”, “Cientista Destaque de Matemática do Brasil” e “Faz a Diferença na Matemática”.

“Uma das premiações será para jovens mulheres de até 45 anos de idade, que tenham contribuído com a pesquisa Matemática brasileira na formação de recursos humanos e que são lideranças promissoras. Outra é para mulheres sêniores, que durante toda a sua carreira fizeram contribuições relevantes para a pesquisa Matemática brasileira e do exterior, e também para a formação de recursos humanos. Já o terceiro prêmio é para destacar mulheres que tenham contribuído significativamente para a inserção de mulheres e meninas no ambiente acadêmico na área de Matemática”, esclarece Cavalcanti.

No site oficial do evento, os interessados encontram a programação completa, opções de hospedagem e dicas de como chegar à UEM, seja do aeroporto ou da rodoviária de Maringá.

Homenageada - A cientista Keti Tenenblat será a homenageada nesta primeira edição do evento por sua contribuição científica ao país. Nascida em 1944 em Izmir (Turquia), Tenenblat emigrou para o Brasil em 1957, onde se formou em Matemática pela UFRJ em 1967. Após o mestrado na University of Michigan e o doutorado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), iniciou carreira acadêmica na Universidade de Brasília (UnB) em 1973, tornando-se professora titular em 1989. Fez pós-doutorado na University of California (1975-1978), com pesquisas influenciadas por S. S. Chern, geômetra diferencial mais influente do século XX, interessando-se pela relação entre geometria diferencial e equações diferenciais. Além de ter presidido a SBM, ela também ocupou cargos de liderança no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Eleita para a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS), a cientista recebeu várias honrarias, como a Ordem Nacional do Mérito Científico. Atualmente, Tenenblat é professora emérita da UnB, com vasta produção científica, incluindo livros, artigos e orientação de alunos.