Tecnologia, desenvolvimento e extensão rural caminham juntos na segunda edição do Curso de Treinamento em Irrigação, promovido pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Após o sucesso da primeira turma, concluída em fevereiro, docentes do Departamento de Agronomia (DAG) promovem uma nova oportunidade para a capacitação profissional de agrônomos e extensionistas de todo o Paraná.
A iniciativa tem parceria com as secretarias de estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Agricultura e Abastecimento (Seab), bem como recebe apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR). O objetivo do curso é formar profissionais com excelência em técnicas de irrigação, de forma a ampliar e desenvolver a agricultura irrigada no estado.
Conforme os organizadores, a programação do curso terá duração de dois anos, com aulas no Centro de Treinamento em Irrigação (CTI) da UEM, anexo ao câmpus sede. A nova turma atenderá 20 alunos, cinco a mais do que na edição anterior. Entre os inscritos, estão profissionais do IDR, do Instituto Água e Terra (IAT) e da cooperativa agroindustrial Cocamar, incluindo egressos da UEM, que atuam ou pretendem atuar com agricultura irrigada no estado.
Os encontros presenciais no CTI ocorrerão quinzenalmente, sempre às sextas-feiras, com aulas teóricas e práticas ministradas por cinco docentes da UEM - Roberto Rezende, Antônio Carlos Andrade Gonçalves, Paulo Sérgio Lourenço de Freitas e Cláudia Salim Lozano Menezes, do DAG, além de Ademir Massahiro Moribe, do Departamento de Ciências Contábeis (DCC) e pró-reitor de Administração (PAD).
Serão abordados conceitos e técnicas de gotejamento, irrigação localizada, manejo de água no solo, uniformidade e eficiência de irrigação, bem como a análise da viabilidade econômica de sistemas de irrigação. Também estão previstas visitas técnicas.
“O estado tem uma missão de alavancar a agricultura irrigada, e esse curso vai formar profissionais para atuarem diretamente nessa área. A primeira turma foi muito bem sucedida, com profissionais já formados, e para esse novo curso tivemos candidatos excedentes, que ficam na expectativa pela abertura de uma terceira turma”, relatou o coordenador do curso de extensão, Roberto Rezende.
Considerada um sucesso, a primeira turma do curso capacitou 15 profissionais. Hoje, egressos do curso de extensão atuam com agricultura irrigada na produção de melancia, alface e flores, entre outros cultivos, em diferentes regiões do estado. “Tudo se evolui em função do conhecimento e em função da ciência. E é dentro das universidades que se produz conhecimento e que se produz ciência”, acrescentou o coordenador.
O CTI, que recebe atividades teóricas e práticas do curso, está vinculado ao CCA e fica localizado entre o câmpus sede da UEM e o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). O local foi criado para difundir e divulgar novas tecnologias e práticas em irrigação, abrigando diversos sistemas de engenharia de irrigação, laboratórios e casas de vegetação.
Cerimônia de abertura
A segunda edição do Curso de Treinamento em Irrigação foi oficialmente aberta nesta sexta-feira (1°), em cerimônia realizada no Auditório do Bloco J45 do câmpus sede da UEM. Compuseram a mesa de honra o reitor da UEM, Leandro Vanalli; o coordenador do curso de extensão, Roberto Rezende; o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Natalino Avance de Souza; o diretor-presidente do IDR-PR, Richard Golba; a chefe do escritório regional da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) em Maringá, Ana Paula Moser; o presidente do Conselho de Administração da cooperativa agroindustrial Cocamar, Luiz Lourenço; e o diretor do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UEM, Carlos Alberto de Bastos Andrade.
Em discurso aos presentes, o reitor, Leandro Vanalli, celebrou a parceria com o governo estadual e a recepção aos profissionais inscritos no curso. “A Seti e a Seab são, hoje, ambientes propícios para o surgimento de projetos estratégicos, e a UEM tem conseguido aproveitar isso, graças à excelência de nosso corpo docente, de nossos agentes universitários e de nossos estudantes”, comemorou. “Da mesma forma, agradeço a vocês, estudantes, que estão vindo de todo o estado para se capacitar na UEM. Isso é fantástico e representa uma grande responsabilidade para nós, enquanto Universidade, tanto no âmbito acadêmico, do ensino e da pesquisa, quanto no aspecto extensionista, que impacta a população”, ressaltou.
Na mesma linha, o diretor do CCA, Carlos Alberto de Bastos Andrade, enfatizou a relevância do projeto. “Parabenizo aos organizadores, porque, neste curso, estão presentes os três pilares da Universidade - ensino, pesquisa e extensão. Nosso agradecimento aos docentes e agentes universitários que estão envolvidos para propiciar a realização das aulas no CTI. O Centro de Ciências Agrárias está à disposição de vocês, bem como temos outros projetos em que contamos com a parceria da Seab, da Seti e do IDR-PR”, destacou.
Além disso, os discursantes celebraram resultados recentes obtidos pelo DAG. No Ranking Universitário Folha (RUF) 2024, divulgado no final de outubro, o curso de Agronomia da UEM foi eleito o melhor do Paraná e o oitavo melhor do Brasil. A mesma publicação selecionou a UEM como a melhor universidade estadual da região Sul.
Também estiveram presentes na solenidade a vice-reitora da UEM, Gisele Mendes de Carvalho; o pró-reitor de Administração (PAD), Ademir Massahiro Moribe; o procurador-geral, Geovanio Edervaldo Rossato; o diretor-adjunto do CCA, Ferenc Istvan Bankuti; o chefe-adjunto do DAG, Robinson Contiero; a coordenadora-adjunta do curso de Agronomia, Reni Saath; e o presidente da associação de ex-alunos Hub Agronomia, William Mário de Carvalho Nunes. Compareceram, ainda, o coordenador regional do IDR, Pedro Ceres; o diretor técnico da Seab, Benno Doetzer; e o chefe do núcleo regional da Seab em Maringá, Jucival Pereira de Sá, além de demais autoridades, docentes, pesquisadores, agentes universitários, estudantes, profissionais da área e convidados.
Irrigação em foco
Os investimentos da UEM e do governo estadual na capacitação profissional justificam-se pela necessidade de expansão da agricultura irrigada no Paraná. A adoção de técnicas modernas e sustentáveis de irrigação, que tem se expandido nos últimos anos, possibilita maior produtividade agrícola e contribui para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do estado.
De acordo com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Natalino Avance de Souza, as incertezas causadas pelas mudanças climáticas acentuam a importância da agricultura irrigada. “Se não fizermos nada, e deixarmos para fazer em épocas de seca, o tempo já terá passado. O Paraná perdeu mais de R$ 50 bilhões nas últimas três safras por falta de água e por não ter capacidade de irrigação. Por essas razões, temos nos empenhado tanto em criar esse curso e em lançar projetos como o Irriga Paraná, para dar sustentabilidade hídrica às nossas pequenas propriedades”, frisou.
Diferentes plantios praticados no Noroeste do Paraná demandam técnicas de agricultura irrigada, devido às características de clima e solo. Um dos principais exemplos é a área do Arenito Caiuá - região de solo arenoso que cobre cerca de 15% do território do estado e engloba mais de 100 municípios. “Nós estamos muito animados. A região do Arenito tem o maior potencial de crescimento do estado, e nós queremos dar segurança ao agricultor de que é possível fazer bem feito, para que ele tenha confiança”, completou o secretário.
Ao destacar a importância de investimentos no Arenito Caiuá, o reitor da UEM, Leandro Vanalli, citou o ex-vice-reitor Manoel Jacó Garcia Gimenes, que ocupou o cargo entre 1986 e 1990. “Jacó sempre dizia que a UEM é a Universidade do Arenito, uma região que precisa de desenvolvimento. E nós não podemos ficar parados sobre isso”, afirmou, lembrando que a instituição possui câmpus regionais e graduações da área das ciências agrárias em cidades da região do Arenito, como Umuarama e Cidade Gaúcha.
Conforme os organizadores, já há tratativas em andamento para a continuidade da iniciativa daqui a dois anos. Os docentes responsáveis pelo curso de extensão e as secretarias de estado preveem a abertura de uma terceira edição do curso, como forma de atender a alta demanda dos profissionais do estado.
(Vinicius Guerra/UEM)