A Seleção Brasileira Feminina deu início à preparação para os amistosos contra a Seleção da Austrália em Brisbane (AUS), que vão realizados nos dias 28 de novembro e 1º de dezembro. Os primeiros desafios foram a extensa jornada que a delegação precisou enfrentar e a diferença de fuso horário.
Para atletas e comissão técnica que saíram do Brasil, toda a viagem teve duração de 32 horas, somando o tempo em aeroportos. Até Dubai, ponto de conexão para o destino final, foram 15 horas de voo. Depois, mais 14 horas até Brisbane, capital do estado australiano de Queensland.
O impacto da diferença de fusos horários é mais um desafio enfrentado pelas atletas. A Austrália está cerca de 13 horas à frente do horário de Brasília, sendo que 13 atletas saíram do Brasil. Para jogadoras que estavam na Espanha, como Lauren e Giovana, a diferença é de 10 horas. Para as que atuam nos Estados Unidos, como Adriana e Angelina, são 16 horas a mais de diferença. É essencial compreender como o corpo se adapta a essas mudanças para reduzir a impacto na performance das atletas. Por isso, o Núcleo de Saúde e Performance da Seleção elaborou um planejamento estratégico para minimizar os efeitos do jet lag, que é a adaptação a mudanças de fuso horário.
O preparador físico da Seleção, Marcelo Rossetti, conta que palestras com orientações sobre longas viagens foram feitas às atletas numa reunião virtual nos dias que antecederam o embarque e começaram a serem seguidas pelas jogadoras já antes da viagem.
"A ideia foi iniciar durante os voos a sincronização com o horário local de Brisbane. Por isso individualizamos algumas sugestões de acordo com cada cidade de partida. Nós acreditamos que esses efeitos serão sentidos de forma individual. Não existe uma 'receita'. Então manteremos atenção nos questionários subjetivos que fazemos nas convocações para ajustar as demandas de treinamento", explica.
A médica da Seleção, Dra. Lygia Neder, detalha algumas estratégias que são eficazes para reduzir os sintomas do jet lag, que incluem fadiga, dificuldade de concentração e problemas de sono. Ela explica que a luz solar é um dos reguladores mais poderosos do ciclo circadiano, ritmo do corpo e suas funções ao longo do dia. A exposição à luz natural ajuda a redefinir o relógio biológico das atletas, facilitando a adaptação ao novo fuso horário. Portanto, atividades ao ar livre são incentivadas.
“Orientamos que as jogadoras se mantenham o mais ativas possível, se exponham à luz solar e façam caminhadas fora do hotel. Também sugerimos atividades mais lúdicas para que elas interajam entre si, como jogos de tabuleiro, tênis de mesa e até pintura”, complementa Dra. Lygia
Outras estratégias foram adotadas como aliadas na adaptação às novas condições e rotina. A nutricionista Tieme Saito ressalta que a alimentação e hidratação são fundamentais nesse processo.
Antes da partida para a Austrália, as atletas já iniciaram a adaptação ao fuso horário local: "Pedimos para as atletas ajustarem os relógios para o fuso da Austrália, alterando horários de sono, vigília e refeições, como se já estivessem lá", explica.
Durante o voo, os horários das refeições não podiam ser totalmente adaptadas, mas o cardápio foi ajustado para ajudar na transição. Além disso, a nutricionista destaca o uso de estratégias nutricionais para estimular o sono, como o consumo de alimentos de alto índice glicêmico, evitando grandes volumes de gordura e proteínas excessivas, e incluindo alimentos que ajudam na liberação de melatonina. No cardápio da Seleção, alimentos com um pouco mais cafeína ou que não induzem o sono são oferecidos durante os períodos de vigília. A hidratação também é fundamental.
"Incentivamos a ingestão de líquidos para minimizar os efeitos do jet lag, ajudando a manter o corpo equilibrado. Ao chegar na Austrália, a orientação é reforçar o consumo de fibras e manter a hidratação para normalizar o funcionamento intestinal, que costuma ser afetado pela mudança de fuso", ressalta.
"O Núcleo de Saúde e Performance busca atuar em todas as frentes para cuidar da saúde das atletas e otimizar o desempenho em campo”, conclui a nutricionista.
(Texto: CBF. Foto: Rafael Ribeiro/CBF)