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LEPAC da UEM é referência nacional em diagnóstico de HIV
Notícias de Maringá
Publicado em 02/12/2024

O Laboratório de Ensino e Pesquisa e Análises Clínicas (LEPAC) da UEM realizou, de janeiro a novembro deste ano, mais de 11 mil exames para identificação do vírus HIV. O setor é referência nacional no diagnóstico da AIDS, certificado pelo Ministério da Saúde (MS), e é o único laboratório público na macrorregião Noroeste a realizar os exames para acompanhamento de dosagem da carga viral e contagem de linfócitos T CD4+, células que coordenam a resposta imune e são destruídas pela doença, além de realizar também os exames mais básicos de sorologia.

No dia 1º de dezembro, é lembrado o Dia Mundial de Combate à AIDS, e durante todo o mês também são realizadas atividades, no Brasil, para a campanha “Dezembro Vermelho”. Nesta época, campanhas coordenadas pelo Ministério da Saúde, que trabalha em rede com os laboratórios, incentivam a realização de exames e a prevenção da doença. A AIDS alcançou um status pandêmico há décadas, passou por um período de relativo controle e, hoje, reapareceu, o que acendeu um alerta nos serviços de saúde e na comunidade médica.

O LEPAC realizou, em 2024, de janeiro a novembro, 1397 exames de sorologia para identificação da doença, 6600 exames de carga viral e 3014 exames de contagem de linfócitos T CD4, um total de 11.011 exames. O número foi maior do que o de 2023, ano em que o Laboratório contabilizou 10.397 exames, entre os quais 1661 de sorologia, 6033 de carga viral e 2703 de contagem de linfócitos T CD4. Os dados referentes a exames de sorologia não indicam, contudo, positividade dos casos.

Os dados revelam a capacidade de capilaridade do laboratório. Com um atendimento seguro e discreto, é um dos quatro laboratórios públicos a realizar o exame de acompanhamento de dosagem da carga viral. Os exames também podem ser feitos em Curitiba, Londrina e Foz do Iguaçu.

 

Referência em todo o estado

Segundo a coordenadora do LEPAC, Regiane Bertin de Lima Scodro, o Laboratório é certificado para a realização de exames laboratoriais de alta complexidade não disponíveis na rede privada e nem na rede básica do SUS.

“Fazemos parte da rede de laboratórios de quantificação de linfócitos T CD4+, da quantificação da carga viral do HIV, das hepatites B e C, do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das ISTs, do HIV/AIDS e das hepatites virais do Ministério da Saúde, atuando também no monitoramento de pacientes portadores crônicos das hepatites B e C e atendendo às 11ª, 12ª, 13ª, 14ª e 15ª Regionais de Saúde do Paraná”, ressaltou Regiane.

O LEPAC atende a toda a macrorregião Noroeste, que envolve a região de Maringá, Campo Mourão, Cianorte, Paranavaí e Umuarama, o que representa 115 municípios e um total de 1,8 milhões de atendidos. Pouco mais da metade dos atendimentos (56%) são de habitantes da 15ª Regional de Saúde, mas também há atendimentos significativos das 12ª (15%), 11ª (12%), 14ª (9%) e 13ª (8%) regionais do estado. 

Sou o HIV que você não vê

Invisível e, por enquanto, indestrutível. O HIV já foi tema de canções e referências na cultura popular, devido à grande eficiência de propagação da doença desde que foi descoberta, na África, em 1920. O HIV espalhou-se rapidamente, por meio das linhas férreas, e surgiu primeiro em primatas não-humanos. Porém, a doença só foi reconhecida em 1981, nos Estados Unidos, quando medidas de contenção mundial passaram a ser acatadas e o temor pelo espraiamento do vírus atingiu níveis preocupantes.

O diretor-adjunto do Centro de Ciências da Saúde (CCS), professor Dennis Armando Bertolini, do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina da UEM, afirma que os índices de infectados por HIV no Brasil têm diminuído progressivamente, há anos, embora tenham aumentado em algumas regiões, como no Norte. Essa disparidade, segundo o professor, ocorre devido ao acesso logístico da região, que é mais complicado do que o de outras. O acesso à informação de qualidade, o uso de preservativos e a evolução nos tratamentos, que passaram do consumo de uma infinidade de medicamentos por dia (o antigo “coquetel”) para o de uma única pílula são fatores que explicam a redução nos casos.

“Hoje, o indivíduo com a doença toma uma pílula, que contém 3 antirretrovirais. Já está em desenvolvimento uma vacina que pode ser tomada a cada semestre”, avalia, ressaltando que quanto mais se facilita e suaviza o tratamento, mais fácil é a adesão do paciente, já que a doença é, por enquanto, incurável. “A vacina bate na trave, pois o vírus se modifica muito e se esconde nas células”, explicou Bertolini.

A dificuldade no tratamento também existe no diagnóstico, o principal desafio. Isso porque os doentes de AIDS geralmente descobrem que estão com a doença já em estado avançado. “Quando o paciente começa a sentir as dores, significa que a doença já destruiu parte significativa do sistema imunológico dele. Aí, outras doenças oportunistas aproveitam dessa baixa imunidade”.

 

Alta em algumas faixas etárias

Segundo o pesquisador, há um crescimento nos diagnósticos de HIV em homens homossexuais de 13 a 39 anos. Depois dessa faixa, o crescimento é observado em mulheres maiores de 39 anos, mas heterossexuais, que é comportamento habitual do vírus em pandemia. Observar o comportamento da doença é fundamental, para Bertolini, no sentido de elaborar campanhas, que estão em falta, em sua opinião. “Não se vê mais, por exemplo, campanhas para que atinjamos os níveis 95-95-95”, lembrou.

O professor se refere à meta global “95-95-95”, da ONU, que preconiza que 95% das pessoas que convivem com HIV devem saber seu estado sorológico; dessas, 95% devem estar em tratamento com uso de antirretrovirais; por fim, o último “95” refere-se ao índice de pacientes que devem estar com a carga viral suprimida em tratamento.

Caso os principais cuidados sejam tomados, quem tem HIV positivo pode ter uma vida normal. Bertolini salienta, inclusive, que essas pessoas podem até ter relações sexuais, desde que tenham parceiro fixo e tenham níveis controlados de carga viral. Podem, inclusive, fazer planos e ter filhos. Quem tem relações com soropositivos pode fazer a profilaxia pré-exposição, que consiste no uso de remédios em caso de risco de contrair o vírus.

O LEPAC fica no câmpus Maringá, no Bloco K10, e atende pelo telefone (44) 3011-4317.

(William Fusaro/UEM)

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