O prazo de inscrições para os candidatos ao 25º Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná está entrando na reta final. As inscrições podem ser feitas pelo site ou diretamente nas Terras Indígenas até a próxima sexta-feira (8). Nesta edição, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) é a responsável pela organização do concurso, que oferta vagas em sete instituições públicas.
De acordo com o cronograma, definido pela Comissão Universidade para os Indígenas (Cuia) Estadual e pela Central do Vestibular Unificado (CVU) da UEM, os locais de prova, divididos em oito polos, serão divulgados no dia 5 de setembro. A prova oral será aplicada no dia 14 de setembro e as provas escritas serão no dia 15, incluindo Conhecimento Geral e Redação. A Cuia publicará o resultado final no dia 10 de outubro, no site vestibular.uem.br/indígena.
O vestibular oferece seis vagas nas universidades estaduais de de Maringá (UEM), Londrina (UEL), Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), do Norte do Paraná (UENP), do Paraná (Unespar) e do Centro Oeste (Unicentro); e 10 vagas na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A UEM é a instituição de ensino superior que mais forma estudantes indígenas no Paraná, com 50 graduados e 81 matriculados até o momento, apesar de ser a mais distante das Terras Indígenas.
Permanência estudantil
A UEM oferece apoio institucional com a oferta de auxílio permanência, via recursos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) do Paraná; monitorias específicas (Programa de Inclusão e Permanência de Alunos Indígenas/Proindi); e o suporte de setores como a Pró-Reitoria de Ensino (PEN), o Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-História (LAEE) e a Diretoria de Assuntos Acadêmicos (DAA), da Diretoria de Assuntos Comunitários (DCT), que oferece atendimento psicossocial e auxílio alimentação aos estudantes indígenas.
Outras modalidades de bolsas também são ofertadas, com apoio dos conselhos acadêmicos de cursos, da Associação Indigenista de Maringá (Assindi) e com o acompanhamento da própria Cuia/UEM. A UEM conseguiu reduzir a evasão de estudantes indígenas nos últimos anos com a criação do Plano Individual de Acompanhamento do Estudante Indígena (PIAEI) e do Proindi.
Da aldeia para a universidade
A família de Suzan Carneiro Cipriano, indígena kaingaing formada em Pedagogia pela UEM, seguiu o exemplo dela. Hoje, o esposo está finalizando o curso de Pedagogia e o filho ingressou em Agronomia. Para ela, a formação representa muito para o futuro da família. Em entrevista à UEM TV, Cipriano disse: “só de estar na universidade já é um avanço muito grande. Nós somos resistência e vamos estar aqui sempre”.
A instituição conta com indígenas nos cursos de graduação presencial de Administração, Agronomia, Direito, Educação Física, Enfermagem, Geografia, História, Letras, Medicina, Odontologia, Pedagogia e Serviço Social; e, na modalidade a distância, em: Ciências Biológicas, História, Letras e Pedagogia.
Wallace Gabriel da Silva, deixou sua Terra Indígena Pinhalzinho, no Norte Pioneiro para estudar Medicina. Para a UEM TV, o indígena guarani confessou que tinha medo das dificuldades do curso e da mudança de vida ao enfrentar outra realidade. Hoje, está no segundo ano da graduação.
Segundo ele, é importante “mostrar que o indígena não é só aquele estereótipo que se imagina, de pessoas peladas correndo no mato. Agora, os indígenas têm acesso à tecnologia, conseguem ser médicos, advogados, o que eles quiserem”.
O sentimento é compartilhado por Kauana Goj Téj de Oliveira, kaingaing da Terra Indígena Mangueirinha, distante 450 km de Maringá. Para ela, as mudanças de ambiente e a rotina puxada de estudos foram os maiores obstáculos. Ela também cursa o segundo ano de Medicina e sonha em se tornar médica.
(Mônica Chagas/UEM)