A criação de uma ouvidoria específica para casos de violência, a vigilância constante no sentido de fazer aprovar as cotas raciais na instituição, a inserção da atenção à política de saúde mental e a melhoria da comunicação institucional para os estudantes foram algumas das sugestões apresentadas, hoje (24), pela comunidade interna visando à formulação da Política de Direitos Humanos na Universidade Estadual de Maringá.
O encontro ocorreu no período da manhã, no bloco I-12, e foi organizado pelo Comitê Provisório de Direitos Humanos, Promoção e Proteção de Grupos Vulneráveis e Garantia das Liberdades Individuais da UEM.
Presidido pelo professor Ailton Morelli, do Departamento de História, o evento marcou a abertura da discussão envolvendo setores organizados ligados à causa, dando seqüência à aprovação das diretrizes para a elaboração desta Política, em dezembro de 2018, pelo Conselho Universitário (COU).
Ao abrir a reunião, Morelli lembrou que diversas universidades federais estão adiantadas neste processo, algumas já contando com assessorias específicas para tratar dos Direitos Humanos, entre elas a Federal da Paraíba (UFPB).
A maioria destes universidades federais ainda possuem ouvidorias específicas, direcionadas especialmente aos casos graves como os de racismo e denúncias de violência sexual, segundo o presidente do Comitê.
Para ele, é importante pensar na implementação de uma ouvidoria desta natureza na UEM. De acordo com o professor, embora a diretriz, baseada em lei, esteja aprovada, a política de Direitos Humanos pode ser ampliada com novas propostas.
Uma das fundadoras do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiro (Neiab) na UEM, a professora Marivânia de Araújo ressaltou a luta do órgão para que sejam implantadas as cotas raciais na instituição.
Para ela, aprovar isso, quebrando a resistência ainda muito grande, representará um passo importante na política de Direitos Humanos, uma vez que a Universidade Estadual de Maringá é uma das poucas do Paraná desprovida deste tipo de cotas. Marivânia avalia que as cotas raciais irão permitir maior inclusão e ampliação do espaço democrático na Universidade.
A assistente social Helena Dias entende ser necessário acrescentar na formatação desta política a atenção à política de saúde mental, devido à preocupação com o crescente caso de atendimento a alunos e servidores vítimas de ansiedade e outros transtornos.
Ela falou do episódio envolvendo uma estudante da UEM que, por causa da dificuldade em se adaptar longe da família, decidiu, há 15 dias, depois de tentar contornar a ansiedade, retornar para a cidade onde moram os familiares.
Integrante do Diretório Central dos Estudantes, a acadêmica Bárbara Dourado, do curso de Ciências Sociais, alertou para a urgência de alterar o modelo de seleção de candidatos ingressantes na UEM, com o objetivo de tornar o processo mais inclusivo.
Ela também propôs um cuidado maior com o aluno quando ele começa a estudar na Universidade, em razão da mudança drástica de relações pelas quais passa ao se transferir do ensino médio para o ensino superior. Bárbara ainda sugeriu uma melhor comunicação institucional com os alunos a fim de que eles conheçam melhor o significado das siglas dos setores e saibam onde buscar uma informação ou benefício, como bolsas por exemplo.
O Comitê Provisório tem até o final de julho para encaminhar o relatório agregando as propostas apresentadas no encontro para, além de iniciar a discussão sobre a natureza, objetivos e abrangência do Comitê Permanente de Direitos Humanos, definir, finalmente, a política desta natureza.
(Foto: Assessoria)