O Câmpus Regional do Vale do Ivaí (CRV) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), instalado em Ivaiporã (PR), a cerca de 160 km de distância de Maringá (PR), é o caçula dentre os sete da instituição. Com esforço conjunto para criá-lo, mantê-lo vivo e em desenvolvimento, hoje (14) completa sua primeira década de existência, somando por volta de 120 estudantes matriculados e, até o momento, tendo formado 279 profissionais. São 17 servidores técnicos-administrativos e 26 docentes, que trabalham com afinco para promover um ensino superior público, gratuito, de qualidade e que consiga suprir as necessidades da população do seu entorno.
Ivaiporã tem quase 32 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A realidade local e regional, tradicionalmente precária em vários aspectos, passou a mudar para melhor a partir de 14 de maio de 2010, com a publicação do Decreto Estadual 7.106, que autorizou a criação do CRV. O credenciamento oficial, no entanto, só veio neste ano de 2020, pois até então o CRV era considerado uma extensão do câmpus maringaense. “Tradicionalmente já produzimos conhecimentos científicos com foco nas demandas da região do Vale do Ivaí, mas o credenciamento dá uma autonomia muito maior ao projeto político-pedagógico dos cursos”, ressalta Fernanda Errero, diretora do CRV.
No CRV são ofertadas as graduações em Educação Física, História e Serviço Social, bem avaliadas pelo Ministério da Educação (MEC), por exemplo no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Desejo antigo da UEM, de políticos e da sociedade, pelo menos desde 2005, como relembra Errero, o câmpus começou a ser concretizado em julho de 2010, quando houve o primeiro vestibular para os três cursos. De acordo com a diretora, “esse anseio partiu muito da região, extremamente carente e pouco desenvolvida, que necessitava de uma instituição de ensino superior de qualidade, com promoção de Ensino, Pesquisa e Extensão”.
Infraestrutura
O câmpus de Ivaiporã tem área de 52.663,72 m². Seu complexo esportivo, cedido pela prefeitura em 21 de março de 2011, é formado por pista de atletismo, campo de futebol com medidas oficiais (o único da região) e o Ginásio de Esportes Sapecadão, o segundo maior do Estado do Paraná e local de realização não só de práticas esportivas, mas também das colações de grau da UEM.
Doado pela prefeitura na mesma data do complexo esportivo e construído a partir de recursos financeiros do Governo do Paraná, no Bloco I-01 há a Biblioteca Setorial do Vale do Ivaí, oito salas de aulas, salas administrativas e de professores. Com ambientes climatizados e estrutura de multimídia, esse espaço didático-administrativo em Ivaiporã pôde ser inaugurado somente em 29 de outubro de 2018, tornando-se a sede própria do CRV, que até então funcionava no Colégio Estadual Barão do Cerro Azul. Relembre a inauguração da sede desse câmpus neste vídeo.
“Em dez anos de CRV, percebemos que avançamos. Passamos por problemas, mas temos uma estrutura conquistada após muito esforço das gestões anteriores da universidade, do câmpus e de políticos que acreditaram nesse projeto de câmpus e trouxeram verbas”, agradece a diretora.
O bom filho a casa torna
Todos os egressos e estudantes do CRV são muito importantes para este câmpus. No entanto, é impossível entrevistar todos. Aqui, eles são representados por Higor Barbosa Reck, 25, formado em Educação Física em 2017 e atual mestrando do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física (UEM/UEL). “Se tivesse que definir a importância deste câmpus em uma palavra eu escolheria ‘fundamental’. A partir de tudo que vivenciei nesta universidade sei o quanto ela pode transformar as pessoas em cultura, aprendizado, amizades, desenvolvimento profissional, valores morais, entre outras incontáveis experiências”, reflete ele – natural de Ivaiporã e que morou a maior parte da vida em Jardim Alegre (PR), cidades separadas por apenas 10 km.
Desde 2014, Reck é membro do Grupo de Estudo em Bioquímica e Imunologia do Exercício (Gebimex) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que contribui para a saúde de diferentes perfis populacionais, inclusive por meio de parcerias com a Polícia Militar e a Prefeitura de Ivaiporã. Justamente por ser pesquisador que atua diretamente em favor da sociedade, o educador físico percebe que o CRV impacta para muito além das vidas dos acadêmicos. “A comunidade ao redor se beneficia, pois em cada um dos três cursos de graduação existem projetos de pesquisas, grupos de estudos e desenvolvimento de trabalhos visando benefício dela. Neste aniversario de dez anos, não só Ivaiporã, mas o Vale do Ivaí inteiro tem que comemorar, porque os benefícios deste câmpus são imensuráveis”.
Servidora “número 0”
Assim como Reck representa os estudantes nesta reportagem, Elizete Conceição Silva é capaz de falar em nome dos servidores. Cientista social e professora da graduação em Serviço Social, está no CRV há dez anos – ou seja, desde sempre! “É um grande desafio ganharmos espaço na região, mas é uma experiência muito boa para mim. Sinto-me agradecida por fazer parte desta história, construída dia a dia. Nosso corpo docente é bem qualificado e tem garra e vontade para contribuir com conhecimentos”.
A docente ressalta que o diferencial da UEM, e consequentemente do CRV, perante outras instituições, é a capacidade de desenvolver universitários pesquisadores e extensionistas. “O mais importante é criarmos cidadãos conscientes, engajados com questões sociais, políticas e econômicas. À medida que os anos vão passando, percebemos o quanto os alunos vão crescendo e criando olhar de querer ter essa participação, de exercer seus papéis”.
Pelo que acompanha dos rumos tomados pelos egressos, sobretudo os de Serviço Social, Silva nota que conseguem ter, geralmente, oportunidades profissionais no próprio Vale do Ivaí, o que é “um ganho muito grande, porque atuam em prol da região”. “A sociedade começa a visualizar o CRV e a contribuição de haver um ensino de qualidade, capaz de mudar a realidade regional. Continua sendo um ganho o câmpus ter vindo para cá. O que temos é que, cada vez mais, lutar contra políticas de cortes para poder ganhar força para manter nossos cursos e, quem sabe, trazer outros”.
O Vale do Ivaí
De acordo com a Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi), 26 cidades compõem esta região paranaense, sendo elas: Apucarana, Arapuã, Ariranha do Ivaí, Bom Sucesso, Borrazópolis, Califórnia, Cambira, Cruzmaltina, Faxinal, Godoy Moreira, Grandes Rios, Ivaiporã, Jandaia do Sul, Jardim Alegre, Kaloré, Lidianópolis, Lunardelli, Marilândia do Sul, Marumbi, Mauá da Serra, Novo Itacolomi, Rio Bom, Rio Branco do Ivaí, Rosário do Ivaí, São João do Ivaí e São Pedro do Ivaí. Por volta de 336 mil pessoas vivem nestes municípios, conforme dados do IBGE.
(Comunicação UEM)