A catarinense Micaela Rosa de Mello (UCA), que completou 20 anos no dia 7 de março, tem planos ambiciosos, apesar de todos os problemas enfrentados pela pandemia da COVID-19. Em seu primeiro ano oficial na categoria adulta, ele pretende correr os 100 m com barreiras em menos de 13 segundos, tornando-se, assim, a quarta brasileira a conseguir o resultado na história.
Até agora apenas a recordista sul-americana Maurren Maggi (12.71), Fabiana dos Santos Moraes (12.84) e Maila de Paula Machado (12.86) alcançaram a proeza no País. Na América do Sul, incluindo as brasileiras, só sete atletas correram abaixo dos 13.00.
“Não tenho objetivos fixados em ganhar nenhuma competição específica. A minha luta sempre foi comigo mesma. Meu recorde pessoal é de 13.23 e quero fazer a prova, ainda este ano (2020), em menos dos 13 segundos. Quero sempre conseguir o meu melhor”, disse a barreirista, nascida na cidade de São José, na Grande Florianópolis.
Para a atleta, que detém os recordes brasileiros das categorias sub-16 nos 80 m com barreiras, com 11.65 (1.7), e dos 100 m com barreiras no sub-18, com 13.56 (0.3), e do sub-20, com 13.23 (1.5), o objetivo é possível. Afinal, ela terminou a temporada 2019 na liderança dos rankings brasileiros adulto e sub-20, além de ter conquistado a medalha de prata em confronto com as atletas mais experientes do País no Troféu Brasil Caixa de Atletismo. “Minha evolução tem sido constante”, comentou a corredora, orientada por Thiago Mendes Olivo desde o início da carreira, quando tinha de 12 para 13 anos num projeto social da União Catarinense de Atletismo (UCA), em São José.
Nesta quarentena, Micaela passou apertado nas primeiras semanas, depois que a pandemia foi declarada em março. “Foi bem difícil. Tive de adaptar os treinos em casa, mas não tinha pesos e outros equipamentos. O máximo que fazia era correr na minha rua”, lembrou. “Agora, estou treinando numa pista improvisada, de 200 metros, de terra, pedrinhas e carvão. Estou novamente na base para as competições do ano.”
A atleta torce para que a situação da pandemia melhore logo para voltar à rotina dos treinamentos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis.
Filha de Elis Regina Rosa, atleta dos 400 m e 800 m na década de 1980, Micaela convive com os pódios e tem presença constante em competições internacionais. A campeã brasileira sub-20 de 2019 conquistou medalha de bronze no Sul-Americano de Cáli, na Colômbia, e no Campeonato Pan-Americano de San José, na Costa Rica.
Ela fez parte das delegações brasileiras que foram ao Mundial Sub-18 de Nairóbi, no Quênia, em 2017 (terminou em sétimo lugar), e ao Mundial Sub-20 de Tampere, na Finlândia, em 2018 (disputou as semifinais).
Na carreira, percorre caminhos sólidos desde o início das competições nacionais, com títulos no sub-16, sub-18 e sub-20, além de vitórias nos Jogos Escolares da Juventude. Este ano pode continuar o ciclo e vencer o Troféu Brasil, marcado para dezembro.
Já o técnico Thiago Mendes Olivo é cauteloso para a temporada. “Neste ano qualquer coisa é lucro. Nem as competições estão garantidas por causa da pandemia. Mas tenho certeza de que a Micaela tem tudo para correr abaixo dos 13 segundos, talvez não este ano, mas nos próximos”, comentou o ex-velocista e ex-decatleta. “Ela tem muito potencial a ser explorado.”
Thiago diz que Micaela responde bem as cobranças. “Ela tem talento, mostra dedicação aos treinos e suporta o nosso sistema de cobrança, que considero fundamental para a evolução”, disse. “Ela foi indicada para o nosso projeto social por sua mãe, a Elis Regina. A Micaela fazia triatlo. Não era boa na natação nem no ciclismo, mas se dava bem na corrida e acabou mudando para o atletismo.”
(Foto: Wagner Carmo/CBAt)
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