A tenista Luisa Stefani embarcou nesta segunda-feira (03) de Tampa, na Flórida, para Lexington, no estado americano do Kentucky. Lá, a partir de 10 de agosto, a brasileira, ao lado da americana Hayley Carter, retoma o circuito profissional de duplas após mais de quatro meses de paralisação por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
“Muito animada. Mas também bastante ansiosa. Vai ser um momento diferente, com muitas precauções e restrições. Já nos passaram como será o protocolo, mas só vamos saber mesmo como será a rotina de competições estando lá”, disse a atleta à Agência Brasil.
Depois da competição em Kentucky, o calendário prevê o Premiere de Cincinnati e o Grand Slam US Open, ambos devem ocorrer em Nova York. “Apesar desses torneios ainda não estarem 100% confirmados, estou contando que vão ocorrer. Me preparei para isso. É muito mais fácil treinar tendo uma referência de um calendário de competições. Estou animada e preparada para voltar”, afirmou.
A ideia da brasileira é aproveitar essa semana em Lexington para treinar e readquirir o ritmo com a parceria Hayley. “Precisa chegar pelo menos três dias antes para fazer teste da covid-19 para entrar no torneio. E vamos buscar recuperar o tempo perdido, né? Aproveitar para treinar e ir voltando aos poucos”.
Na sequência, dependendo do andamento da pandemia, os planos da dupla é seguir para Madri e manter um calendário de torneios ao redor do mundo: “Ainda está tudo muito incerto. A cada semana há torneios cancelados. Recentemente, por exemplo, aconteceu na China. Grande parte do circuito da Associação Internacional de Tênis [WTA] ocorreria lá. A Federação Internacional de Tênis [ITF] tem poucos torneios previstos e a maioria deles será na Europa”.
A retomada da modalidade em nível mundial ocorreu no sábado (1) com o WTA de Palermo (Itália). E foi marcada pelo afastamento de uma atleta por conta de um teste positivo de covid-19 antes mesmo do início dos jogos. A decisão de voltar com os torneios nesse momento já trouxe muita polêmica nas últimas semanas, mas, para Luisa, o período atual é de paciência.
“Só vamos descobrir mais para frente se houve precipitação ou não. Há muitos conflitos de interesse nesse retorno dos jogos. Obviamente, parece uma injustiça voltar para alguns e não voltar para outros por causa das restrições de circulação das pessoas pela covid-19. Não sei qual seria a melhor saída para essa questão. O que sei é que há muitas pessoas trabalhando, até mesmo na comissão de atletas. É difícil demais acomodar todos os interesses. Ninguém sabe também se o circuito europeu vai poder continuar depois desse torneio”.
Desde maio, a brasileira disputou vários torneios exibição de simples no condomínio no qual reside no sul dos Estados Unidos. “Foi diferente. O local aqui é bem isolado. E o tênis também é jogado com os atletas distantes. Então, deu para fazer esses jogos. Foi bom. A parada forçada teve várias coisas negativas, mas uma coisa boa foi poder voltar a esses jogos de simples. Fazia tempo que não jogava”.
Atualmente, Luisa Stefani é a 46ª do mundo nas duplas e a primeira do Brasil [a melhor posição dela foi 45ª]. Na temporada, Stefani e Carter ocupam a 9ª posição no mundo e foram campeãs do WTA 125 de Newport Beach (EUA), chegaram às oitavas do Australian Open e nas quartas no WTA Premiere de Dubai (Emirados Árabes). Em 2019, a dupla faturou o WTA de Tashkent (Uzbequistão), e foi vice-campeã no WTA de Seul (Coreia do Sul).
“A temporada de 2019 foi muito especial. O primeiro ano como profissional. Tudo novo, não conhecia todas as jogadoras. Tive que enfrentar decisões difíceis. Investir nas duplas não foi fácil, mas foi o que me pareceu correto naquele momento. Acho que a minha subida no ranking tem muito a ver com isso. Tive essas experiências e pude disputar torneios maiores”. A dupla está formada há pouco mais de um ano. “Estava variando bastante minha parceria. E a Hayley me chamou para fazer parte do circuito na Ásia. Fizemos bons jogos e, aos poucos, o entrosamento foi surgindo. Os nossos estilos se complementam. Está sendo legal poder jogar com ela. O ranking também é bem parelho. Tudo está ajudando”.
(Texto: Juliano Justo/Agência Brasil. Foto: Pedro Ramos/Rede do Esporte)