Essa semana será muito especial para a triatleta Vittoria Lopes. A cearense de 24 anos estará em Hamburgo (Alemanha) a partir de 5 de setembro para voltar disputar uma competição oficial após uma parada de quase um ano: “Meu último torneio foi em outubro do ano passado. É difícil. O atleta acaba perdendo a referência”. A competição seria, originalmente, uma etapa do circuito mundial, mas, em virtude da pandemia do novo coronavírus (covid-19), será o Mundial da modalidade.
“Mesmo não valendo pontos para o ranking, vai ser uma prova muito disputada. Os melhores estarão lá. Para ganhar ritmo competitivo, vai ser ideal”, diz. Logo na sequência, a brasileira parte para a República Tcheca, onde, a partir de 13 de setembro, disputa a Copa do Mundo da modalidade. Como preparação para essas provas, Vittoria faz parte do grupo brasileiro que está em Rio Maior (Portugal) treinando desde o início do mês. “Conheço bem esse CT. Foi aqui que comecei no triatlo, ainda com a seleção brasileira júnior, com o treinador Sérgio Santos. Nosso esporte tem essa cultura europeia. E essa base aqui é perto de praticamente tudo. Fica fácil para treinar e competir. Exatamente isso é o que estávamos precisando, manter o foco”, afirma.
Apesar de ser a melhor brasileira no ranking mundial da modalidade (23ª colocada), Vittoria é considerada uma novata no triatlo. São apenas cinco anos de dedicação ao esporte: “Antes fazia natação. Era parte da minha vida. Mas, em determinado momento, não estava tão satisfeita com minhas marcas, entrei na faculdade e cheguei a ficar dois anos fora das piscinas. Até que um colega acabou me chamando e fui”.
Outra transição importante na carreira da atleta ocorreu em 2017: “Quando passaram os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o projeto de Rio Maior acabou e acabei ficando sem treinador. Não sabia o que fazer. Acabei encontrando o Ian O’Brien, meu atual técnico, no Instagram mesmo. Na época, ele treinava a campeã mundial júnior. Gostava do trabalho dela, principalmente na bike. Perguntei se o Ian aceitaria me treinar e rolou. Já estou há mais de dois anos treinando com ele lá nos Estados Unidos. Foi uma coisa de redes sociais que deu certo”.
Esporte em família
Vittoria é filha da Hedla Lopes, primeira mulher do norte e nordeste do Brasil a disputar um pan-americano. Na época, em 1975, esteve na equipe brasileira da natação. Depois seguiu como triatleta com várias conquistas ao redor do mundo. “Minha mãe sempre se orgulhou demais do Pan-americano. Mas, morando nos Estados Unidos, não tinha essa visão da dimensão dos Jogos”, confessou. Tudo isso mudou em Lima, no ano passado. Com a mãe na torcida, Vittoria conquistou a prata na prova individual e o ouro no revezamento misto: “Sempre fui muito avoada. E meus colegas americanos não valorizam tanto o Pan. Mas, no final, foi uma prova que não me favorecia nada. Precisei me esforçar demais para chegar às medalhas. Minha mãe estava lá e pôde comemorar comigo”.
Ela também é prima do Luiz Altamir, campeão e recordista mundial nos 200 metros em piscina curta, além de ser representante brasileiro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “Quando competia nas provas de natação, eu ganhava, de repente, um bronze. Mas o Altamir não. Ele sempre ganhava ouro. É um cara muito determinado e talentoso. Na piscina, ele é extremamente técnico. Tenho muito orgulho de ser prima dele. Seria um prazer enorme estar lá em Tóquio participando da Olimpíada junto com ele”, encerra.
(Texto: Juliano Justo/Agência Brasil. Foto: Mauro Vieira/Ministério da Cidadania)