Criar dez núcleos de saltos ornamentais para atender 1.120 crianças e adolescentes de 6 a 14 anos em situação de vulnerabilidade, em oito estados e no Distrito Federal, e difundir a modalidade nas cinco regiões do país. É o que visa o projeto “Um Salto na Educação”, desenvolvido em parceria pela Universidade de Brasília (UnB) e a Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais (CBSO, ou Saltos Brasil).
A iniciativa tem o apoio da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, oficializado na edição do último dia 17 do Diário Oficial da União (DOU). Segundo a publicação, a vigência do projeto é de 24 meses, com investimento federal de R$ 4,44 milhões.
“Para que as crianças participem, elas deverão estar matriculadas na escola. O objetivo é oportunizar o envolvimento com a modalidade e que os jovens tenham os benefícios que a prática esportiva sistematizada dá à formação deles. [Saltos ornamentais] não é uma atividade que qualquer um pratica, então, fazer algo diferenciado é enriquecedor”, afirma o técnico olímpico Ricardo Moreira, presidente da Saltos Brasil.
Os núcleos estão distribuídos por Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Paraíba, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo (confira abaixo os locais). A capital federal terá duas sedes, sendo uma no centro olímpico da UnB, considerado um dos principais do continente. Segundo Moreira, a previsão é que as aulas comecem entre o fim de março e o início de abril.
“Cada núcleo atenderá 112 crianças. Elas terão aulas duas vezes na semana, de manhã e à tarde, sendo cada aula com duas horas de duração. A gente vai contratar um treinador e dois monitores para cada núcleo e dará capacitação aos profissionais”, explica o dirigente. “A capacitação será permanente, pois queremos um trabalho mais padronizado. A ideia é formar cidadãos, mas também novos treinadores, despertar o interesse de profissionais na modalidade”, completa.
“Ampliar o acesso à prática do esporte entre nossas crianças e jovens é um dos objetivos principais da Secretaria Especial do Esporte. Estamos falando de uma modalidade encantadora e, quem sabe, daqui a alguns anos, não teremos descoberto talentos que, ali na frente, vão representar bem o Brasil nas grandes competições. Só que o mais importante é a formação desses jovens. O esporte é um pilar importantíssimo na construção da nossa cidadania”, disse a ex-nadadora Fabíola Molina, secretária nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, em comunicado do Ministério da Cidadania.
A possibilidade de revelar talentos para o futuro da modalidade, embora não seja a prioridade, também é aventada por Moreira. O dirigente cita como exemplo quatro dos principais atletas do país na atualidade: Giovanna Pedroso, Ingrid Oliveira (representaram o Brasil na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016), Kawan Pereira e Isaac Filho (finalistas da plataforma sincronizada masculina no Mundial de 2019, na Coreia do Sul).
“São quatro grandes atletas, medalhistas em Jogos Pan-Americanos, que vieram de comunidades carentes, entraram no esporte em projetos sociais e tiveram a oportunidade de se desenvolverem e mostrarem potencial. São referências que tiveram a vida transformada pelo esporte. [Encontrar talentos] não é o objetivo principal do projeto, mas, caso tenha alguma criança que a gente veja que tem uma possibilidade maior, com certeza vamos orientar e encaminhar para um clube ou local onde tenha uma melhor estrutura”, conclui Moreira.
Núcleos do projeto
Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB) – Brasília
Associação Brasiliense de Saltos Ornamentais – Brasília
Complexo Esportivo Maracanã – Rio de Janeiro
Cabo Branco – João Pessoa
Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo
Estádio Rei Pelé – Maceió
Clube do Trabalhador do Amazonas (Sesi) – Manaus
Clube Ferreira Pacheco (Sesi) – Goiânia
Complexo Aquático da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) – Palhoça (SC)
Centro de Formação Olímpica do Nordeste – Fortaleza
(Texto: Lincoln Chaves/Agência Brasil. Foto: Francisco Medeiros/Ministério da Cidadania)