Parabéns a Keila da Silva Costa, medalha de bronze no Campeonato Mundial Indoor de Doha, no Catar, em 2010, que no sábado (6/2) completou 37 anos e recebeu os parabéns da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) foi a personagem da série Aniversário, criada para homenagear medalhistas olímpicos e em mundiais.
Nascida no Recife, a 6 de fevereiro de 1983, a pernambucana Keila, criada na cidade de Abreu e Lima, escreveu – e continua escrevendo - uma das páginas mais consistentes do atletismo brasileiro. Especialista no salto em distância e salto triplo, a atleta tem como grandes resultados o bronze no salto em distância no Mundial de Doha, a medalha de bronze no salto triplo no Mundial Juvenil de Kingston-2002, medalhas de prata no salto triplo nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015 e no Rio-2007, e no salto em distância no Rio-2007.
Ainda na ativa, em grande forma, ganhou duas medalhas em suas provas no GP Brasil Caixa – prata no triplo e bronze no distância – e duas de prata no Troféu Brasil Caixa – ambas representando a equipe Atletas com Futuro, de Pernambuco, ambas competições disputadas em dezembro de 2020, em São Paulo. Antes, no Troféu Norte-Nordeste, levou ouro nas duas especialidades, no Recife.
Keila vive um momento novo em sua vida. Desde o dia 1º de janeiro, ela é secretária municipal de Esportes, Turismo, Cultura e Lazer de Abreu e Lima. “O desafio é grande, talvez o maior que já enfrentei, mas só de poder tentar ajudar o esporte da cidade em que eu dei os primeiros passos no atletismo é muito motivador”, disse a atleta. “Espero poder ajudar e inspirar as crianças de Abreu e Lima a seguirem o meu caminho.”
Por causa da nova atividade, ela teve de conciliar os treinos com o trabalho. “Estou treinando em horários diferentes que eu já treinei. Após o expediente eu descanso e sigo para o Recife para realizar os treinamentos na pista do Parque Santos Dumont por volta das 17 horas e sigo até por volta das 19:30”, lembrou. “Meu objetivo é fechar a temporada 2021 com mais uma Olimpíada no currículo, mas sei que será difícil, mas vou tentar até a última chance.”
Keila pode ser a única representante do atletismo a participar de cinco Jogos Olímpicos, já que participou de Atenas-2004, Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016. O diferencial este ano é que tem novas preocupações. “Mais do que o índice olímpico, quero mostrar para os jovens atletas que ter disciplina e comprometimento com os sonhos vale a pena”, afirmou. “Se uma criança ou adolescente conseguir transformar a própria vida através da minha história eu já cumpri minha missão na vida.”
No Mundial indoor de Doha, Keila ganhou a medalha de bronze no salto em distância, com a marca de 6,63 m, no dia 14 de março de 2010. O pódio no Catar teve ainda a norte-americana Britney Reese, que ficou com o ouro (6,70 m), e a portuguesa Naide Gomes, prata (6,67 m).
Keila, porém, já havia ganhado o bronze no salto triplo no Mundial Juvenil, hoje sub-20, de Kingston-2002, na Jamaica, com 13,70 m (ficou a 4 cm da prata). Aos 19 anos, tornou-se a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha em um Campeonato Mundial de Atletismo.
Foi aos Mundiais de Osaka-2007, no Japão, Berlim-2009, na Alemanha, Daegu-2011, na Coreia do Sul, Moscou-2013, na Rússia, e de Pequim-2015, na China. Disputou três finais, ficando em 7º lugar no salto triplo, com 14,40 m, e no salto em distância, com 6,69 m, no Mundial de Osaka.
As melhores marcas pessoais da atleta são 6,88 m (-0.1) no salto em distância, feita em Belém, no Pará (20/5/2007) e 14,58 m (2.0) no salto triplo, marca obtida em São Paulo (7/6/2013).
Keila começou a praticar atletismo com 9 anos em Abreu e Lima, região metropolitana do Recife. A infância de brincadeiras de rua a levou ao esporte escolar. Em 1993, o professor Roberto de Andrade viu que Keila tinha algo especial: a facilidade para a velocidade e para os saltos. Disputou os Jogos Escolares e, no ano seguinte, já treinava duas vezes por semana de maneira recreativa, recebendo doces e pipoca como recompensa. Passou a fazer parte do projeto Atletas com Futuro, liderado pelo professor Roberto. Com o tempo, os treinos foram ganhando intensidade da mesma forma que os resultados foram aparecendo nas categorias de base e depois no adulto.
O treino de verdade começou quando Keila tinha de 13 para 14 anos. Em 1997, já disputava o salto em distância e o triplo – dobradinha que, à exceção de tempos de lesões, sempre manteve em seu programa de competições. Em um Norte-Nordeste naquele ano, ainda na categoria menor (até 17 anos), venceu entre os juvenis, com dois anos a mais. Estudava já em outra escola, que tinha uma pista de terra. Patrocínios e rifas ajudaram na construção de um setor de saltos.
Em 2020, a pandemia impediu que treinasse na Califórnia, como era o seu objetivo. Com isso, voltou para Pernambuco e ao projeto Atletas com Futuro, que a revelou.
(CBAt)