Lúcio Flávio/Bonde

O Londrina terá a partir de 2017 uma experiência já vivida há algum tempo pelos grandes clubes do futebol brasileiro. A perda do interesse pelos campeonatos estaduais, sobretudo no aspecto econômico. 

Das quatro competições que o LEC irá jogar este ano, o Paranaense é o menos atrativo. Em todos os sentidos: financeiro, de competitividade, nível técnico e de atração para o torcedor. 

Gostaria de ressaltar que não sou a favor do fim dos estaduais. Muito pelo contrário. Acredito que eles são fundamentais para a manutenção da rivalidade local e da sobrevivência dos clubes menores e sem calendário. 

Mas, da forma como eles são organizados atualmente tendem a perder interesse a cada ano e até mesmo correm o risco de acabar. Se não houver uma mudança radical das federações e também dos clubes, o futuro é incerto. 

Também não sou a favor do Londrina abrir mão do Paranaense, até porque, em uma análise fria, se tem uma competição em que o clube tem chance real de ser campeão é o estadual. E nenhum clube consegue sobreviver de forma sustentável sem ganhar nada durante muito tempo. 

Mas, será inevitável, em um momento ou outro, o clube ter que privilegiar uma competição ou um jogo em detrimento do outro. E não tenha dúvida de que o Paranaense ficará como segunda opção. A não ser que o LEC não goste de dinheiro. 

Escolher entre uma ou outra é normal para qualquer clube que tenha um calendário extenso. Em 2017, o Londrina deve superar a casa dos 60 jogos. Será impossível jogar todos com força máxima. 

Para jogar todo o Paranaense ( o número de partidas pode variar de 11 a 17), o LEC vai ganhar R$ 450 mil. Uma diminuição de 25% em relação ao que o clube recebeu em 2016. 

Só por um jogo na Copa do Brasil, o clube terá uma cota de R$ 250 mil. Ganhará mais R$ 315 se avançar à segunda fase. Na Copa da Primeira Liga, serão R$ 600 mil pelos três jogos da fase classificatória. 

A cota da TV para a série B deve chegar aos R$ 5 milhões. Equivale a R$ 130 mil por cada um dos 38 jogos. Ou seja, não há nenhuma comparação com o que paga o estadual. 

Com raras exceções, os estaduais já perderam o interesse financeiro e também o da conquista para os grandes clubes. Ou você acredita que os torcedores destes clubes ficam satisfeitos com um título estadual mesmo que o restante do ano seja um fiasco? 

O Londrina ainda está no primeiro patamar. O Paranaense já não é atrativo financeiro. Se o clube continuar subindo degraus em nível nacional, logo perderá o interesse por título e por parte da torcida. 

Outro reflexo da perda do valor dos estaduais é o surgimento de competições regionais (Copa do Nordeste, Primeira Liga, Copa Verde), que pagam muito mais e levam muito mais gente aos estádios. 

Resta saber até quando os estaduais vão sobreviver e até quando os clubes vão esperar pelo seu fim.