O paranaense Gabriel Casagrande se tornou o campeão da temporada 2021 da Stock Car Pro Series no domingo (12), após um pódio duplo no autódromo de Interlagos. Ele somou 360 pontos no total, e garantiu o triunfo à frente do tricampeão Daniel Serra, dando pela primeira vez o título do campeonato à equipe A.Mattheis Vogel Motorsport.
Paranaense de Pato Branco, Casagrande, 26 anos, é o 18º piloto a conquistar o título da principal categoria da América Latina. Mesmo após uma temporada impecável, na qual deixou para trás os maiores pilotos do automobilismo nacional, Casagrande não hesita em demonstrar sua reverência aos rivais mais experientes. Nas frases abaixo, que definem seu pensamento, ele fala da devoção a Senna, a paixão por Interlagos, a importância da família, a fraqueza por um bom churrasco e a emoção de trabalhar com Andreas Mattheis e Mauro Vogel.
Competir para ganhar: “Meu pai colocou isso na minha vida”
“Meu pai, Edson, sempre foi um cara muito competitivo em tudo. Ele não competiu em nenhum esporte, mas ele me dizia no começo da carreira: se formos entrar, vamos entrar para brigar, não para sermos coadjuvantes. Foi assim na vida inteira dele. E ele colocou isso na minha vida também, na minha carreira. Sou muito grato. Graças a Deus temos uma sintonia muito boa. Espero que possamos comemorar muita coisa juntos. Ele merece demais”.
Vogel e Mattheis: “Me sinto abençoado"
“No fim de 2020, quando recebi essa proposta de trabalhar com o (Andreas) Mattheis (Mauro) Vogel, eu fiquei muito emocionado. E também muito grato, porque eles poderiam ter seguido caminhos diferentes e montaram este esquema para me ter como piloto. São dois dos melhores acertadores de carro que tivemos na história da Stock Car. Trabalhar com o Vogel e o Andreas é um privilégio. Me sinto abençoado.”
Senna: “Ele deixou um legado que levo como inspiração”
“Não vi O Ayrton Senna em vida. Nasci um ano depois que ele faleceu. Mas assisti tudo e mais um pouco do legado que ele deixou. Não é só a pilotagem, o que aconteceu na pista, o que ele deixou como pessoa foi importante, me marcou, e levo ele como inspiração”.
Interlagos: “Toca na alma”
“Sempre disse que esse lugar aqui, Interlagos. Muita coisa boa aconteceu aqui. A gente sabe que foi sobre esse chão que o Senna viveu grandíssimos momentos. Então competir aqui é uma honra. E ser campeão em Interlagos, para um piloto brasileiro, toca na alma”.
Título: “Grandes pilotos foram ficando pelo caminho”
“Mesmo quando o carro não era tão bom, nossa estratégia sempre foi funcionou. Aos poucos fui percebendo que íamos brigar pelos primeiros lugares do campeonato. Eu via grandes pilotos, de equipes fortes, tendo alguns percalços, ficando pelo caminho. E nada de errado acontecia com a gente. Manter a regularidade é o maior desafio na Stock Car. Nós conseguirmos e foi isso o que nos deu a vantagem de 25 pontos com que chegamos na última etapa”.
Ciclo da vida: “Eu cresci vendo esses caras ganharem corridas”
“Desde bem jovem eu me imaginava disputando o título com o Daniel (Serra) e o Thiago (Camilo). E também os outros nomes consagrados do automobilismo mundial que estão na Stock. É importante curtir este momento. Porque um dia serei eu que vou ser o piloto experiente e vou encarar pilotos mais jovens. É um ciclo natural. Os caras que eu cresci vendo ganhar corridas estão aqui disputando comigo. A gente tem que parar para pensar nisso. É um marco na minha vida”.
Bastidores: “Eu sou muito chato”
“Eu sou muito chato em casa com a minha preparação e alimentação – apesar de comer muito churrasco. Tirando essa paixão, eu sou um cara bem chato. Me cuido bastante, e a minha família tem que me aturar (risos). Por que o meu humor acaba variando bastante também. Minha família merece mais que eu esse troféu (risos)”.
Agradecimento especial: “Meus mecânicos que não estavam aqui”
“A lista de agradecimentos é enorme. Tem minha família, claro, que é especial. Mas dedico o título também a toda a minha equipe, em especial a dois caras: o “Caniço”, meu mecânico que acabou falecendo nessa semana. E o “Bombril”, meu segundo mecânico, que quebrou o pé e não pôde estar conosco aqui. Queria que eles estivessem aqui. Sei que, seja lá onde eles estiverem, estão felizes por mim, por nós todos”.
O título muda tudo: “Tirei um baita peso das costas”
“Ser campeão da Stock Car muda tudo. Eu tirei um baita peso das minhas costas, porque eu queria demais isso. Hoje, na nossa reunião pré-corrida, o Guga (Lima), meu companheiro de equipe, me lembrou de um detalhe que eu até tinha esquecido. Quando corria de kart com ele, falava que o meu sonho era ser campeão de Stock Car. Nunca fui muito deslumbrado com esse negócio de Fórmula 1. Sou muito grato ao “cara” lá de cima por tudo o que aconteceu. Agora vou com um pouco menos de pressão para os próximos campeonatos”.
Uma vez não basta: “Eu quero mais”
“Eu quero seguir adiante. Espero que esse não seja o meu único título na Stock. A gente vai tentar mais. Eu quero mais. Espero poder marcar o meu nome como um piloto que foi campeão mais de uma vez. Temos carro e equipe para isso, e se a gente fizer um trabalho parecido com o de 2021, não tem motivo para não sonhar em repetir essa façanha. A equipe, o nosso grupo, merece”.
(Foto: Duda Bairros/Vicar/Divulgação)