Um ato que já está enraizado em milhares de brasileiros, mas que precisa ser incentivado cada vez mais. A doação voluntária de sangue, lembrada neste dia 25 de novembro com o Dia Nacional do Doador de Sangue, é uma das formas mais altruístas de salvar vidas. Com apenas 10% de seu sangue corporal (um adulto saudável tem, em média, 5 litros de sangue no corpo, mas doa cerca de 450ml somente), é possível salvar a vida de quem precisa, inclusive mais de uma vez ao ano.
O Hemocentro Regional de Maringá, do Hospital Universitário (HU) da UEM, registrou um aumento de 30% nas transfusões no ano de 2024, se comparado ao período de 2023. Ainda assumiu, neste ano, o abastecimento de hemocomponentes de novas agências transfusionais. Segundo o diretor do Hemocentro da UEM, Gerson Zanusso Jr., o aumento se explica porque o Hemocentro absorveu novos convênios para atendimento da demanda SUS devido ao desinteresse da rede privada em assumir os serviços.
Ainda diante do aumento da demanda, o Hemocentro precisa de um incremento de 25% nas doações. Para isso, ainda contará com programação de coletas externas, campanhas de doação interna (empresas, grupos religiosos, grupos esportivos, universidades, faculdades, entre outros) e aumentando a divulgação, até o fim de dezembro.
O mês de novembro, escolhido para homenagear o doador voluntário, é um mês em que os estoques estão em baixa, assim como em dezembro, o que aumenta a importância da doação. Segundo Zanusso, é muito importante que esses doadores sejam frequentes. “Nós recebemos no nosso laboratório e de hospitais conveniados centenas de requisições de transfusões, então, para um atendimento de qualidade, as doações têm de ser frequentes. Agora, neste Dia Nacional, é um chamado à população para doar e salvar vidas, num gesto de amor ao próximo”.
Voluntário, mas nem sempre
A doação de sangue é uma prática que se consolidou no Brasil em 1980, mas com muitas modificações. Desde essa época, passou por aperfeiçoamentos devido às complicações decorrentes da pandemia de HIV no final da década de 80 e início de 90, e se consolidou, hoje, como um serviço de alta qualidade e reconhecido em todo o mundo. Mas, nem sempre foi assim.
A doação voluntária no Brasil começou a ser discutida publicamente ainda em 1950, com uma iniciativa do Banco de Sangue do Distrito Federal, que culminou na lei nº1075, de 27 de março de 1950, que dispôs sobre a Doação Voluntária de Sangue. Mas, a prática demorou a se consolidar no Brasil. Esse avanço foi marcado pelo próprio avanço de modernização científica do país, que se industrializava e urbanizava a passos largos. Nesse contexto, de acordo com a publicação “História da Hemoterapia no Brasil”, da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), não era incomum observar doadores que investiam os “lucros” da doação em jogos de azar, como a loteria esportiva, ou em necessidades básicas, no caso de doadores muito pobres.
Ainda segundo a publicação, a doação paga de sangue no Brasil, que perdurou desde os anos 40 e resultava em um produto de pouca qualidade se comparado ao necessário, foi extinta em 1980, após um esforço da SBHH em aumentar a qualidade dos materiais. O esforço refletiu, também, no estabelecimento do chamado “doador de reposição”, aquele que doa independente do vínculo com o paciente e com o objetivo de repor os estoques dos hospitais.
O maior temor da campanha, na década de 1980, era a queda nas doações, mas ela foi um sucesso: no final da década, o país, que tinha mais de 80% da doação de sangue feita de forma remunerada, passou a ter exclusivamente doadores voluntários. Essa política foi vital para lidar, por sua vez, com o crescimento da AIDS em todo o mundo.
Para a direção do Hemocentro da UEM, a doação voluntária de sangue é um gesto que, além de altruísta, garante a qualidade do processo. “Todo o ciclo do sangue é normatizado por leis próprias, nas quais o voluntarismo e o altruísmo faz com que a pessoa, em sua triagem hematológica e clínica, responda de maneira confiável. O pensamento é sempre oferecer o melhor para o paciente necessitado”, lembra, ressaltando que o sangue humano ainda é um produto insubstituível para o tratamento de muitas patologias.
Como doar
Para doar, o voluntário deve estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos (até 17 anos, deve ir acompanhado dos pais ou responsáveis), pesar mais de 50kg e estar descansado e bem alimentado. Quatro horas antes da doação, é importante evitar alimentação gordurosa.
O doador deve apresentar documento de identificação, emitido por órgão oficial (cópias autenticadas são aceitas, desde que legíveis e que permitam a identificação do doador). Para doar pela primeira vez, o limite de idade é de 60 anos.
O Hemocentro Regional de Maringá fica na Avenida Mandacaru, 1600. O telefone é (44) 3011-9400 e o atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h30, e aos sábados, das 7h às 12h30.
(Willian Fusaro/UEM)