1996. O reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Luiz Antônio de Souza, tinha motivos para comemorar. Em suas mãos, a concessão para a instalação da Rádio Universitária na frequência 106,9 MHz.
Era um sonho construído muitos anos antes por professores e servidores. Ter uma rádio universitária seria um prêmio para a instituição que se destacava como uma das melhores do interior do País.
Mas a alegria daria lugar para uma preocupação. Não havia espaço naquela UEM, do final dos anos 1990, para abrigar os estúdios e a redação da nova rádio. Vários locais foram sugeridos, porém, logisticamente impossíveis.
O reitor dividia suas preocupações com a vice-reitora, a professora Neusa Altoé, e a assessora de comunicação social, professora Marialva Taques. Eram acompanhados por um relógio exposto na sala do reitor indicando que tempo urgia. Sem alternativas palpáveis, Luiz Antônio de Souza sugeriu: “só temos a garagem da reitoria”. E assim foi.
De imediato, a Rádio Universitária contou com a ajuda da comunidade que fez doações de vários equipamentos, principalmente discos de vinil (LPs), formato que estava sendo substituído pelos CDs.
Foi um prazo muito curto para a montagem, após a liberação da concessão. Tudo adaptado, nada planejado, muito improvisado. Outros materiais foram doados, desde transmissores a caixas de som. Na verdade, a comunidade maringaense abraçou a rádio que entraria no ar, nem que o microfone fosse artesanal, produzido por um dos primeiros técnicos da rádio, Washington Castilho.
Enfim, naquele dia 4 de dezembro de 1997, era anunciada a “ZYM-203, 106,9 MHz, Rádio Universitária” pela voz de Nilson Fidelis, o primeiro locutor. Na abertura, “Chega de Saudade”, clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A escolha da canção ícone da Bossa Nova coube ao primeiro programador, Paulo Petrini, um dos maiores pesquisadores e entusiastas do jazz e da música instrumental do Paraná.
Até uma voz do Estado do Rio de Janeiro chegou para anunciar e “desanunciar” as músicas. Era Elias Gomes de Paula. Sua estreia foi em fevereiro de 1997 e está por lá até hoje.
Outro veterano, também de fevereiro de 1997, foi o técnico de multimídia, Ademir Souza. Era ele quem “pilotava” os toca-discos e suas agulhas. Sem MP3, sem computador, sem playlist digital. Manualmente.
UEM FM
2024: a Rádio Universitária, ou melhor, a UEM FM completa 28 anos em 4 de dezembro. “Entre as emissoras de rádio em Maringá, a UEM FM está entre as dez mais ouvidas da cidade, mesmo não sendo uma rádio comercial. Também surge como segunda opção dos ouvintes de outras emissoras”. As aspas vão para Marcelo Galdioli, coordenador da UEM FM e o grande entusiasta da 106,9.
A programação, hoje feita por Suzana Cristina Castro Moraes Mariani, valoriza a música popular brasileira. Há espaços para a música erudita, forró, samba, jazz, blues, entre outros estilos. São mais de 30 programas produzidos por servidores e comunidade, incluindo alunos e professores.
Aos 28 anos, a UEM FM é considerada uma das principais emissoras de rádio universitárias do Paraná e do Brasil e também está presente nas principais plataformas digitais.
Ela continua a ocupar a antiga garagem da reitoria, mas o espaço foi reformado. Do passado, ainda restam as lembranças e os discos de vinil que hoje fazem parte da memória afetiva. Na estante, o LP “Chega de Saudade”. Tudo preservado para as saudades do futuro.
(Marcelo Bulgarelli/UEM. Foto: UEM)