Publicado em 16/03/2025 por Administrador
A Universidade Estadual de Maringá (UEM) receberá uma instalação permanente do artista plástico Jorge Pedro, um dos mais importantes do Paraná. Trata-se de uma nova versão da obra “Flores para os Sem-Terra”, idealizada pouco depois do Massacre de Carajás, ocorrido em abril de 1996, no Pará.
A obra original – que homenageia os 18 trabalhadores rurais mortos no conflito – ficou exposta por anos na praça comunitária próxima ao Restaurante Universitário (RU). Em 2015, passou por revitalização, mas não resistiu à ação do tempo.
Agora, uma nova estrutura robusta e restaurada ocupa parte do terreno próximo ao prédio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PEC). São 18 totens distribuídos pelo espaço, cada um com uma máscara mortuária em resina e o nome de uma das vítimas. No centro da instalação, há um arranjo que remete a ferramentas utilizadas pelos sem-terra. “Este trabalho busca homenagear essas pessoas e perpetuar suas memórias, lembrando daqueles que lutam e morrem pela terra”, explica Jorge Pedro.
A proposta de restauro partiu da UEM, com o objetivo de preservar a obra por meio do artista original. “Começamos em outubro do ano passado e, desde então, passamos por várias etapas até chegar à instalação final”, disse o autor ao contemplar a maior obra de sua carreira em espaço aberto.
Na versão anterior, as máscaras eram feitas de argila, material que se deteriora rapidamente. Para garantir durabilidade, o artista optou por resina na nova execução. O projeto contou com a colaboração do arquiteto Tarcísio Ramos e do soldador José dos Santos Neto, parceiros frequentes de Jorge Pedro.
Natural de Peabiru, o artista é conhecido por ressignificar materiais e objetos abandonados por meio da técnica de assemblage, aplicada em telas, esculturas, instalações, móveis e objetos.
A importância da obra de Jorge Pedro é ressaltada pelo Pró-Reitor de Extensão e Cultura, Rafael da Silva. “Juntamos todos os esforços para restaurá-la. Ela resgata a memória de um evento muito triste que aconteceu no nosso país, em razão de um grande problema que ainda temos, que é a questão fundiária. É muito importante que nós deixemos sempre viva essa infeliz página da nossa história, para que a gente possa lutar sempre contra essas mazelas e desigualdades”.
(Marcelo Bulgarelli/Comunicação UEM)