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Dia de Campo reúne cadeia do trigo em Apucarana
15/08/2019 10:10 em Notícias do Paraná

Cerca de 250 pessoas, entre elas multiplicadores de sementes, produtores de trigo, recomendantes, agrônomos e profissionais da indústria moageira dos estados do Paraná, São Paulo e Paraguai participaram nesta semana do Dia de Campo de Trigo, em Apucarana. A atividade abriu a programação de dias de campo institucionais da safra 2019 da Biotrigo Genética, empresa líder do mercado latino-americano em genética de trigo.

 

O local onde aconteceu o dia de campo é uma das localidades que contam com ensaios da Biotrigo em sua área de atuação no Brasil. Conforme o gerente comercial para a América Latina (Latam) da Biotrigo Genética, Fernando Michel Wagner, as cultivares e linhagens de trigo foram semeadas na propriedade para testar a adaptação da genética ao ambiente, ao solo e as condições climáticas. 

 

Os mesmos testes são realizados em todas as safras em mais de 60 localidades do Brasil e também em países como Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai. 

 

“Priorizamos nestes dias de campo a troca de informações, esclarecendo as dúvidas de cada segmento da cadeia do trigo, incluindo doenças e pragas prevalentes na região e eventuais de cada safra; desempenho agronômico; reação ao clima; além de mostrar diretamente no campo as oportunidades existentes e manejos mais eficazes para desenvolver as melhores práticas agronômicas”, explicou.

 

No campo, os visitantes conferiram diversas opções de trigos que já estão no mercado e também linhagens pré-lançamento. Os moinhos também tiveram a oportunidade de conhecer as características dos pré-lançamentos, que posteriormente serão testadas para avaliação de qualidade industrial. 

 

Ao todo foram seis vitrines tecnológicas com cultivares de diferentes ciclos, níveis de investimento, usos (panificação, biscoito e exclusivos para alimentação animal), uma tecnologia inédita no Brasil focada no controle de invasoras, além de um trigo recordista em Força de Glúten (W) - demanda importante para o mercado moageiro.

 

Vitrine de conhecimento

O dia de campo iniciou com a demonstração do portfólio, apresentando as diferentes ferramentas do mercado. O Supervisor Comercial da Biotrigo para oeste, sudoeste e centro sul do Paraná, Johny Brito, foi o responsável por apresentar trigos já conhecidos e mais semeados do país. 

 

O melhorista da Biotrigo, André Schönhofen, ainda falou sobre as linhagens que estão sendo avaliadas para futuro lançamento e ainda as que já estão sendo usadas como parentais em cruzamentos. 

 

“Temos testemunhas com alto potencial no campo, como TBIO Toruk e TBIO Sossego. Nosso papel é trazer novas opções que agreguem frente a materiais com área já consolidados. Prova disso são os filhos de Toruk que já estão no mercado”, relatou André.

 

O legado do Toruk: produtividade e qualidade industrial

O tema da segunda estação tratou do legado que a introdução da genética francesa trouxe para o cultivo de trigo no Brasil. O supervisor comercial da Biotrigo, Deodato Matias Junior, comentou sobre os ganhos trazidos por esta genética com tecnologia francesa, que desde o lançamento da cultivar TBIO Toruk em 2014, quando passou a se tornar sinônimo de qualidade de panificação e de altas produtividades. 

 

“TBIO Toruk é o grande exemplo de sucesso do nosso programa de melhoramento. Depois desse cruzamento trazendo adaptação com o nosso germoplasma, originamos um tipo de planta arrojado e patamares de produtividade nunca atingidos na triticultura brasileira”, disse Junior, destacando ainda que a genética Toruk, através de muito esforço de melhoramento, continua agregando à triticultura sul-americana. 

 

“TBIO Toruk já gerou vários filhos, com características importantes demandadas pelo produtor e moinhos de forma simultânea. Exemplo disso são o TBIO Sonic, que se diferencia pelo ciclo superprecoce; TBIO Duque, que se destaca por ser branqueador e possuir excelente sanidade e o TBIO Audaz, que tem como diferenciais o ciclo precoce e uma qualidade industrial destacada pela indústria brasileira, uruguaia e argentina, onde é considerado um trigo top em qualidade”, comentou.

 

TBIO Astro, o novo filho de Toruk recordista em Força de Glúten

 

Os participantes do evento puderam conferir de perto as características que colocaram a cultivar TBIO Astro no topo do programa de melhoramento da empresa. O gerente Fernando Wagner comentou que TBIO Astro, trigo Melhorador, de ciclo superprecoce, bateu três recordes dentro do programa de melhoramento da Biotrigo. 

 

“Agronomicamente é o mais resistente a germinação na espiga e ao acamamento, sendo considerando o nosso recordista no ranking de Força de Glúten (W), com valores médios de W entre 550 até 800 10-4J em algumas amostras”, disse. 

 

A vantagem de ter maior Força beneficia tanto o produtor de trigo quanto ao cerealista. 

 

“Como ele tem Força sobrando, esse trigo vai colaborar para a valorização de todo o lote, elevando a média do silo composto de outros trigos que não possuem Força tão alta, mas que são agronomicamente desejados pelos produtores e entregam boa panificação”. 

 

Já quando ele estiver segregado no silo, pode ser usado para produção de pães especiais, que precisam de uma maior Força de Glúten. 

 

“A cultivar já estará disponível para multiplicação de sementes em 2020 e com sua alta sanidade de espiga aliada ao excelente nível de resistência a chuva em pré-colheita, será posicionada para todas as regiões tritícolas”, finalizou.

 

Para o controle de plantas daninhas

Em outra estação do dia de campo, o melhorista da Biotrigo Genética, Francisco Gnocato, apresentou aos participantes o primeiro trigo com a tecnologia Clearfield do Brasil, presente na cultivar TBIO Capricho CL. 

 

“Nessa cultivar, que provém de uma parceria entre Biotrigo e a empresa alemã BASF, introduzimos a tolerância aos herbicidas do grupo das imizadolinonas, mais precisamente ao ingrediente ativo imazamoxi (Raptor 70DG). E como a tecnologia também atua no controle de azevém resistente ao glifosato, aos inibidores da ACCase (graminicidas) e às sulfonilureias, e no controle de nabiça também resistente a este último grupo químico, acreditamos que o produtor possa ser mais eficiente no manejo das principais plantas daninhas no trigo”, explicou.

 

O doutor em fitotecnia e professor na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Giliardi Dalazen, falou sobre a os reflexos econômicos das invasoras no campo e também orientou sobre como buscar mais eficiência com a cultivar no campo e não resultar em novas resistências. 

 

“O trigo CL deve ser considerado pelo produtor como mais uma ferramenta, e não a solução de todos os problemas. É importante que essa cultivar seja introduzida num cronograma de rotação de cultivares, utilizando-a em 25 ou 33% da área cultivada com trigo, sem repeti-la na mesma área no ano seguinte. Assim, se dificultará a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes ao herbicida utilizado, prolongando a vida útil da tecnologia”, disse. 

 

Trigos especiais 

Dentro do programa de melhoramento da Biotrigo também estão em desenvolvimento pesquisas para criação de trigos especiais, ou seja, cultivares específicas para atender nichos de mercado. Everton Garcia, supervisor comercial da Biotrigo para o RS, apresentou o portfólio voltado para alimentação de gado de corte e de leite, trigo para o Cerrado e ainda de uma cultivar direcionada para a produção de biscoito e outra para o mercado de trigos branqueadores.

 

A linha Energix (Energix 201 e Energix 202) são trigos exclusivos para produção de silagem e pré-secado. “A origem desta nova linha de trigos vem da combinação das cultivares TBIO Energia I e TBIO Energia II. Possui excelente volume de produção (25 a 30 T/ha de matéria verde), excelente potencial de produtividade, precocidade e equilíbrio nutricional para os animais”, ressaltou Everton. 

 

Também apresentou a cultivar Lenox, exclusiva para pastejo, com alta produção de matéria verde, excelente capacidade de rebrota, qualidade nutricional e uma alta palatabilidade. 

 

“A recomendação de plantio desse material é para o início de março e com produção de pastagem até novembro, dependendo do manejo e da cultura seguinte a ser semeada na área. É um material que se encaixa muito bem no sistema do produtor e oportuniza um melhor aproveitamento das áreas no inverno. É importante conhecer as regiões de adaptação da cultivar”, explicou.

 

As novidades de trigo para produção de farinha para a indústria são o TBIO Aton e o TBIO Alpaca. TBIO Aton, tipo pão, de ciclo médio será comercializada no Rio Grande do Sul por uma parceira e no Cerrado, no portfólio da Biotrigo. 

 

A cultivar possui ótima resistência à Brusone na folha e espiga, além de excelente performance na panificação, similar a TBIO Sintonia. Everton destacou que a cultivar é adaptada ao clima do Cerrado, tendo ótimo rendimento sob irrigação, mas merecendo um grande destaque quando semeado em sequeiro. 

 

“Essa cultivar está na elite do germoplasma da empresa. Combina um tipo de planta moderno, de alto potencial produtivo, rusticidade do sistema radicular e ainda sanidade de planta, especialmente com resistência à Brusone na espiga e ao Oídio e moderada resistência à Ferrugem da folha”, relatou. 

 

A cultivar tem ciclo médio e atende as exigências de qualidade da indústria local.

 

Para biscoito, a cultivar apresentada no dia de campo é o TBIO Alpaca, de ciclo médio precoce. Conforme Everton, a cultivar é direcionada a projetos de segregação visando tanto manter sua qualidade, quanto proteger o mercado de panificação de mistura com trigos de outras aptidões.

 

Finalizando a estação e igualmente para projetos especiais de segregação foi destacada a cultivar TBIO Noble, já consolidada entre os moinhos como um coringa que corrige cor e força de outros trigos, por se tratar de um trigo branqueador e melhorador.

 

A evolução do melhoramento genético

Em seguida, André Cunha Rosa, diretor e também melhorista da Biotrigo, falou sobre a evolução do germoplasma da empresa e da busca constante por combinações de características importantes através da introdução de genética de fora do país para a criação de novas cultivares. “Buscamos, por exemplo, qualidade de panificação na Argentina e na França, alto potencial de rendimento na Europa e resistência à Giberela na China. Ou seja, importamos genes de diversas partes do mundo e combinando com o nosso germoplasma, formamos novas gerações de trigos mais produtivos, seguros e de melhor qualidade industrial sendo é claro, adaptados às diferentes regiões tritícolas do país”, explicou.

 

É preciso escalonar

A importância de conhecer os ciclos das cultivares e os benefícios do escalonamento de semeadura, especialmente em anos de ocorrência de geadas, foi o tema da apresentação do Gerente Regional Norte da Biotrigo, Bruno Alves. Segundo ele, semear em períodos distintos e com ciclos diferentes oferece uma segurança maior aos triticultores. “Para aqueles que desejam semear mais cedo, demonstramos cultivares como TBIO Ponteiro, com ciclo vegetativo mais longo e reprodutivo rápido, que permite fazer uma semeadura antecipada”, comentou.

 

Bruno apresentou os resultados das cultivares obtidos na semeadura de primeira época, colhidos anteriormente ao dia de campo. Comentou que o TBIO Ponteiro, mesmo após 42 dias sem chuvas e com a ocorrência de geadas e forte pressão de Brusone, conseguiu entregar uma produtividade acima de 150 sc/alq. “Nessa safra tivemos a ocorrência de eventos como geada, seca, combinadas ao enfrentamento da Brusone - uma doença importante no norte do Paraná. E ainda assim, por sua característica de ciclo médio-tardio, conseguiu ter um excelente desempenho com a semeadura antecipada, mostrando seu excelente nível de resistência”, ressaltou.

 

Outro recurso importante no planejamento da safra é o uso de cultivares mais rápidas. “Para quando a precocidade tiver valor no planejamento da safra de inverno e verão, recomendamos as cultivares de ciclo precoce e superprecoce, TBIO Audaz, TBIO Sonic, TBIO Duque e, agora a nova opção, TBIO Astro”, finalizou. O dia de campo institucional da Biotrigo é considerado um dos maiores eventos da cultura do trigo no estado do Paraná.

(Foto: Divulgação Biotrigo/PH Estúdio)

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