Melado de Capanema ganha selo de qualidade geográfica
20/01/2020 12:23 em Notícias do Paraná

Mais um produto tipicamente paranaense ganhou reconhecimento nacional. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concedeu, em dezembro, a indicação geográfica (IG) para o melado produzido na cidade de Capanema, na Região Sudoeste. A partir de agora, o produto passa a ser comercializado com o selo “Capanema”, único no mercado.

 

Com a indicação de procedência, o melado passa a ser mais valorizado, possibilitando a expansão do comércio dentro do Brasil e até mesmo no Exterior. De acordo com a prefeitura do município, Capanema conta atualmente com oito agroindústrias e 16 produtores de cana de açúcar, base do melado batido da região.

 

A produção de melado na cidade, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, é de 400 toneladas por ano. As cooperativas e 9 indústrias de médio porte de Capanema garantem 200 empregos diretos.

 

“São pequenas e médias propriedades que apostaram na cana de açúcar, especialmente na produção do melado e do açúcar mascavo. Se tornou uma grife do município”, afirmou Norberto Ortigara, secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento. “É um melado de muita qualidade, e isso permitiu ganhar essa diferenciação. É o reconhecimento desse esforço de décadas, informando a todos que esse melado você só encontra aqui no Paraná”, acrescentou.

 

A conquista do certificado já mobiliza os produtores locais. Eles falam em ampliar a produção para conseguir levar o produto a novos mercados. “A expectativa é muito boa, pensamos em alcançar uma escala maior de vendas. É uma ótima oportunidade para trazer novas famílias para a produção da matéria-prima, gerando mais empregos”, disse Itamar Schuck.

 

Ele é diretor-presidente da Cooperativa Agroindustrial Fronteira Iguaçu (Cooperfronteira) que conta com 45 cooperados, entre agroindústrias, produtores de cana e pessoas com interesse em participar do processo produtivo. “A conquista do IG era o que precisávamos para buscar mais inovações e tecnologia. Estamos na parte final da criação da nossa marca”, afirmou.

 

GEOGRAFIA – Outro produtor, Gilberto Hass revelou detalhes do processo que garantiram o selo de qualidade ao melado de Capanema. Segundo ele, o município conta com uma geografia favorável, que garante uma cana de açúcar diferenciada. Citou ainda o tipo de terreno para o cultivo, com muito pedregulho, e o clima quente da região. “Com isso nossa cana tem mais sacarose, ficando mais doce”.

 

Ele também faz planos para aumentar a produção na empresa, que administra com a ajuda dos dois filhos. Espera mudar para a sede nova até julho, renovando maquinário e automatizando parte do processo produtivo.

 

Com isso, diz acreditar que pode saltar dos atuais 400 quilos de melado a cada dois dias prontos para a comercialização para 2.500 quilos. Hass intercala a produção de melado com a de açúcar mascavo.

 

No horizonte da família está a exportação da mercadoria. Hass contou que já iniciou conversas com dois países: Estados Unidos e Holanda. “Estamos correndo atrás de tecnologia, passo importante para conseguirmos aumentar a produção”, afirmou.

 

Reforço que se dará em cadeia. Mais melado significa mais necessidade de cana. “Vamos firmar parcerias com pequenos agricultores. Acho que podemos atingir até 100 famílias”.

 

Outro fator que influencia é a proximidade do Rio Iguaçu, que garante uma ótima qualidade no processo de irrigação. “Quem deu notoriedade ao produto foi a qualidade. Temos que nos preocupar em crescer, mas sempre mantendo essa característica”, ressaltou Rafael Morgenstern.

 

Agrônomo de formação, ele voltou para Capanema para ajudar a família, há 22 anos envolvida com a produção e venda de açúcar mascavo e melado. “Tudo aqui é bem familiar”, contou.

 

Os Morgenstern fabricam 1,5 mil quilos de cada produto por semana.

 

DOÇURA – Há, contudo, outros segredos que vão além da qualidade da cana. Secretária municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Raquel Belchior Szimanski diz que para o produto ficar tipicamente de Capanema depende da moagem da cana, do processo de decantação, da fervura em alta temperatura para a retirada de impurezas e, por fim, o processamento em um tacho acoplado a uma batedeira. “A cor é mais escura, com uma cremosidade diferente e uma doçura especial”, destacou.

 

IGs PARANAENSES – O Paraná conta atualmente com oito produtos com Indicação Geográfica reconhecida. Além do melado de Capanema, cujo processo contou com a colaboração integral do Sebrae-PR, também receberam destaque do INPI a erva-mate de São Mateus do Sul; o café do Norte Pioneiro; a goiaba de Carlópolis, o queijo colonial de Witmarsun; as uvas finas de Marialva; e o mel de Ortigueira e também da Região Oeste.

 

E, ao que tudo indica, Capanema pode ganhar um novo selo de certificação nos próximos meses. O açúcar mascavo produzido na cidade está passando por detalhes para também ser reconhecido pelo Inpi.

 

“Isso é mais renda para o produtor. O IG também ajuda a trazer mais gente ao nosso Sudoeste, mostrando que só aqui em Capanema tem esse produto”, afirmou Fernando Martini, presidente da Associação Doce Iguassu. A entidade foi responsável por dar entrada no processo que terminou com a conquista da Indicação Geográfica.

 

Outras produções no Estado também estão em processo de certificação: a bala de banana de Antonina, a cachaça de Morretes, e o barreado e a farinha de mandioca, tradicionais no Litoral do Paraná.

(Foto: Bubniak/AEN)

 

 

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