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Há 33 anos, São Paulo era campeão brasileiro pela segunda vez
25/02/2020 18:42 em Futebol

No aniversário de 33 anos da conquista do bicampeonato brasileiro, relembramos a saga vitoriosa dos Menudos do Morumbi, que superaram o Guarani por 4 a 3 nos pênaltis, depois de empate em 3 a 3 no acumulado do tempo normal e prorrogação, e trouxeram o segundo caneco nacional da história são-paulina para casa. 

 

Bernardo, Pita e Careca – em um gol inesquecível nos últimos instantes – foram os autores dos gols são-paulinos com a bola rolando, enquanto Darío Pereyra, Rômulo, Fonseca e Wagner Basílio foram os batedores bem-sucedidos nas penalidades, que também contou com uma grande defesa do tricolor Gilmar.

 

Após o vice-campeonato nacional obtido em 1981, contra o Grêmio, e quase dez anos depois da primeira conquista, em março de 1978, o São Paulo voltou à uma decisão do Brasileirão e novamente não era apontado como o favorito – afinal, tanto em 1977 quanto em 1986, o Tricolor chegou à final sem possuir a melhor campanha da competição.

 

Por conseguinte, o Morumbi recebeu a primeira partida da disputa contra o Guarani no dia 22 de fevereiro. Mais de 81 mil pessoas viram Evair, de cabeça, abrir o marcador para o time campineiro aos 15 minutos do segundo tempo e, pouco depois, Careca empatar para o Tricolor, aos 18.

 

Careca, que havia sido o grande responsável por levar o Tricolor a se classificar nas fases eliminatórias anteriores – o atacante balançou as redes em cinco dos seis jogos de mata-mata que levaram o time até a final: Inter de Limeira (dois gols, um em cada partida), Fluminense (um golaço que valeria por dois até) e América-RJ (dois gols, um em cada) –, manteve-se empatado com o mesmo Evair na artilharia do Brasileiro daquela temporada, ambos então com 24 gols.

 

A resolução deste embate e do campeonato em si ficou para o dia 25 de fevereiro, no Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. Os pouco mais de 37 mil torcedores presentes eram de maioria bugrina e, logo de início, aos 2 minutos, os tricolores sofreram um baita susto: Nelsinho, lateral-esquerdo, marcou um gol contra e pôs o Guarani à frente do marcador.

 

Rapidamente, entretanto, o São Paulo se reencontrou no jogo e, aos nove minutos, Bernardo, de cabeça, empatou o placar: 1 a 1. Resultado que perdurou durante o restante do tempo regulamentar. Na prorrogação, um surpreendente “vira-virou” de tirar o fôlego: Pita, aos dois minutos, colocou o Tricolor à frente. Cinco minutos depois, Marco Antônio Boiadeiro deixou o jogo empatado novamente: 2 a 2. Mal iniciado o segundo tempo da prorrogação, o Guarani já liderava mais uma vez o placar, agora graças ao gol de João Paulo.

 

O relógio não parava e as chances do time do Morumbi reverter a situação ficavam menores a cada jogada. Faltando pouco mais de um minuto para fim, todavia, ainda restava um lance, uma tentativa. Tudo ou nada. Silas, apesar do resultado, prognosticou em entrevista à SPFCtv: "Quando eu saí, faltavam sete minutos para acabar a prorrogação. Não podia ficar no campo, então eu desci, mas com a calma de saber que iríamos ser campeões. Foi acabar de chegar lá e o Tião saiu pulando lá, comemorando".  

 

O lance que resultou nessa comemoração começou com Gilmar, que cobrou rapidamente o tiro de meta para Wagner Basílio. Este por sua vez avançou ainda no setor defensivo e chutou para o alto. Já perto da grande área do time campineiro, Pita ganhou a disputa contra o marcador, resvalando a bola em direção ao centroavante do Tricolor. Um quique. Uma pancada de pé esquerdo. Um golaço de Careca! Artilheiro isolado do Brasileirão, com 25 gols! 3 a 3 e fim de jogo, mas não de campeonato.

 

Pênaltis. A maioria da torcida presente no estádio e emudecida desde o golaço de Careca, assim permaneceu após a primeira cobrança, de Boiadeiro, a qual o goleiro são-paulino Gilmar defendeu. Careca, herói em 120 minutos, veio a seguir e também errou (certamente uma daquelas tramas indecifráveis do destino). Tosin e Darío Pereyra converteram as próximas penalidades. 1 a 1. Então o bugrino João Paulo bateu forte e mandou a bola no Moisés Lucarelli, ali perto. Rômulo colocou o Tricolor à frente!

 

Waldir Carioca e Fonseca não desperdiçaram as chances de cada um e Evair também não fez feio – o que colocaria um fim precoce à disputa. A responsabilidade do título ficou, assim, com o zagueiro Wagner Basílio, que cobrou fraco, fazendo bater forte o coração no peito dos são-paulinos com a trajetória da bola, ainda tocada pelo goleiro Sergio Néri antes dela entrar, quicando mansamente, dentro da meta adversária.

 

Gol! 4 a 3! São Paulo Futebol Clube campeão brasileiro de 1986, o segundo título nacional do Tricolor! "Foi emocionante demais, um dos títulos mais importantes para todos que presenciaram aquela geração do São Paulo. E todos são, até hoje, muito gratos ao que nós fizemos, pois nós realmente vestimos a camisa do São Paulo como nossa pele e fomos até o fim, conquistando aquele título brasileiro", ressaltou o centroavante e herói Careca.  

 

FICHA DO JOGO:

25.02.1987

Campinas (SP)

Estádio Brinco de Ouro da Princesa

 

GUARANI Futebol Clube 3 X 3 SÃO PAULO Futebol Clube

Tempo normal: 1 x 1; Prorrogação: 2 x 2; Pênaltis: 4 x 3 para o SPFC.

 

GFC: Sérgio Neri; Marco Antônio, Waldir Carioca, Ricardo e Zé Mário; Tite (Vagner), Tosin e Marco Antônio Boiadeiro; Catatau (Chiquinho Carioca), Evair e João Paulo. Tecnico: Carlos Gainete.

Gols: Nelsinho (contra), 2′/1; Marco Antônio Boiadeiro, 7′/1pro; João Paulo, 2′/2pro.

Expulsão: Vagner, 12′ da prorrogação.

 

SPFC: Gilmar; Fonseca, Wagner Basílio, Darío Pereyra e Nelsinho; Bernardo, Silas (Manu) e Pita; Müller, Careca (capitão) e Sídnei (Rômulo). Técnico: Pepe

Gols: Bernardo, 9′/1; Pita, 1′/1pro; Careca, 14′/2pro.

 

Árbitro: José de Assis Aragão

Renda: Cz$ 4.222.000,00

Público: 37.370 pagantes

 

Penalidades:

 

Boiadeiro – perdeu (Gilmar) / Careca – perdeu (Sérgio Neri)

Tosin – gol / Darío Pereyra – gol

João Paulo – perdeu (por cima) / Rômulo – gol

Waldir Carioca – gol / Fonseca – gol

Evair – gol / Wagner Basílio – gol

 

 

CAMPANHA

Primeira Fase

30.08.1986 – 1 X 0 – CORITIBA Foot Ball Club (PR)

03.09.1986 – 1 X 1 – SOBRADINHO Esporte Clube (DF)

07.09.1986 – 1 X 1 – BANGU Athletic Club (RJ)

14.09.1986 – 4 X 0 – CEARÁ Sporting Club (CE)

21.09.1986 – 0 X 0 – Sport Club INTERNACIONAL (RS)

24.09.1986 – 4 X 0 – SAMPAIO CORRÊA Futebol Clube (MA)

28.09.1986 – 3 X 2 – FLUMINENSE Football Club (RJ)

30.09.1986 – 2 X 1 – OPERÁRIO Futebol Clube (MS)

02.10.1986 – 2 X 0 – Clube do REMO (PA)

05.10.1986 – 3 X 2 – SPORT Clube do RECIFE (PE)

 

Segunda Fase

12.10.1986 – 2 X 0 – Associação Atlética PONTE PRETA (SP)

19.10.1986 – 2 X 0 – SANTOS Futebol Clube (SP)

22.10.1986 – 2 X 0 – BANGU Athletic Club (RJ)

26.10.1986 – 1 X 1 – AMÉRICA Futebol Clube (RJ)

02.11.1986 – 0 X 0 – Sociedade Esportiva PALMEIRAS (SP)

09.11.1986 – 0 X 0 – JOINVILLE Esporte Clube (SC)

12.11.1986 – 0 X 1 – TREZE Futebol Clube (PB)

20.11.1986 – 5 X 0 – BOTAFOGO de Futebol e Regatas (RJ)

23.11.1986 – 0 X 0 – SANTOS Futebol Clube (SP)

30.11.1986 – 0 X 0 – AMÉRICA Futebol Clube (RJ)

03.12.1986 – 4 X 1 – TREZE Futebol Clube (PB)

07.12.1986 – 0 X 0 – BOTAFOGO de Futebol e Regatas (RJ)

10.12.1986 – 6 X 1 – Associação Atlética PONTE PRETA (SP)

14.12.1986 – 2 X 2 – Sociedade Esportiva PALMEIRAS (SP)

24.01.1987 – 5 X 0 – JOINVILLE Esporte Clube (SC)

28.01.1987 – 0 X 1 – BANGU Athletic Club (RJ)

 

Oitavas-de-Final

01.02.1987 – 1 X 2 – Associação Atlética INTERNACIONAL (Limeira – SP)

04.02.1987 – 3 X 0 – Associação Atlética INTERNACIONAL (Limeira – SP)

 

Quartas-de-Final

08.02.1987 – 0 X 1 – FLUMINENSE Football Club (RJ)

11.02.1987 – 2 X 0 – FLUMINENSE Football Club (RJ)

 

Semifinais

15.02.1987 – 1 X 0 – AMÉRICA Futebol Clube (RJ)

18.02.1987 – 1 X 1 – AMÉRICA Futebol Clube (RJ)

 

Finais

22.02.1987 – 1 X 1 – GUARANI Futebol Clube (SP)

25.02.1987 – 3 X 3 – GUARANI Futebol Clube (SP) 4 X 3 pen.

 

O TÉCNICO

Pepe foi o comandante do Tricolor na vitoriosa campanha de 1986. Ele havia assumido o time na quarta rodada do campeonato (nas três primeiras partidas, o treinador foi José Carlos Serrão). No primeiro jogo à frente do elenco, uma goleada por 4 a 0 sobre o Ceará, no Morumbi, foi promissora. Da estreia em diante, manteve o São Paulo invicto por treze jogos. Ao fim do Campeonato, ostentou um cartel de 16 vitórias, 11 empates e apenas quatro vitórias. 

 

Em abril de 1987, pouco depois do título, Pepe alegou estava e deixou o comando do time são-paulino. Ao todo, acumulou somente 45 partidas pelo clube (22 vitórias, 16 empates, 7 derrotas), mas registrou para sempre o próprio nome na história do clube com uma das maiores conquistas de todos os tempos. 

 

Conquista essa, curiosamente, obtida na data do nascimento do treinador (25 de fevereiro de 1935). Um grande presente de aniversário! 

(Foto: Sérgio Berezovsky/Reprodução - Equipe campeã de 1986)

 

 

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