Offline
Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná estudam testes rápidos de Covid-19
06/04/2020 20:02 em Notícias do Paraná

Cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão se mobilizando para o combate ao novo coronavírus. Um grupo de pesquisa foi criado para estudar os testes rápidos da doença Covid-19, causada pelo SARS coronavírus. Participam do estudo infectologistas do Complexo Hospital de Clínicas (CHC) da UFPR, a equipe responsável pelas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) do HC e estudantes dos cursos de Medicina e Farmácia da Universidade.

 

Para a infectologista Sônia Raboni, professora coordenadora do grupo, o impacto da pesquisa será para contribuir para um diagnóstico mais rápido e confiável. “O teste rápido deve ser realizado à beira do leito. Isso vai ajudar na orientação e tratamento desse paciente e, principalmente, na definição se precisa ir a uma enfermaria com os cuidados de isolamento ao Covid-19 ou não”, explica a cientista que também integra a Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do Coronavírus da UFPR.

 

A ideia é fazer a validação dos testes de diagnóstico rápido contra a Covid-19. O Ministério da Saúde e o HC já adquiriram os testes, que devem chegar nas próximas semanas ao Hospital. No entanto, existem poucas publicações científicas sobre como é a resposta imune a essa infecção. A intenção da pesquisa é saber mais sobre a dinâmica de produção dos anticorpos contra este patógeno e avaliar o momento ideal para sua aplicação, visando melhorar o diagnóstico.

 

No momento, o CHC/UFPR utiliza para o diagnóstico desta infecção o método molecular. Quando um paciente é internado com suspeita da doença, é coletado o material e a amostra é analisada no Laboratório de Virologia de Biologia Molecular para a identificação do vírus. Essa é uma técnica mais sofisticada e que demanda mais tempo para a sua execução. A pesquisa busca avaliar o desempenho dos testes rápidos comparados aos resultados obtidos com a análise molecular.

 

O projeto “Fortalecimento da rede de c2019 (SARS-CoV 2): métodos moleculares e imunológicos” foi contemplado na chamada pública 09/2020 da Fundação Araucária. Por meio do edital, receberá o valor de R$ 104 mil para investir em bolsas de extensão para egressos e alunos para fortalecer as áreas de diagnóstico e atenção aos pacientes com Covid-19.

 

Como funciona o tratamento

 

O coronavírus pode facilmente ser confundido com um resfriado ou uma gripe. Os sintomas são parecidos e em muitos casos a doença pode passar despercebida. No entanto, é importante conhecer sobre o vírus para que a pessoa saiba identificá-la e tomar as medidas necessárias.

 

A infecção pelo coronavírus, na maioria das vezes, vai ser uma infecção leve, como explica a pediatra infectologista Cristina Rodrigues, professora integrante da Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do Coronavírus da UFPR. “O Covid-19 pode causar febre e tosse. Em alguns casos pode ser acompanhado de dores no corpo, coriza, dor de cabeça, entre outros”.

 

De acordo com a infectologista, o sinal mais preocupante para infecções do novo coronavírus é a dificuldade respiratória. “A pessoa deve procurar o hospital se apresentar cansaço. Também é importante procurar atendimento se o paciente tiver um quadro febril que persista por mais de um ou dois dias. Quem tiver sintomas de um resfriado comum não precisa ir ao hospital – o tratamento pode ser feito de casa”.

 

Os quadros leves costumam ser curados em torno de uma semana, como se fosse um resfriado. Cristina explica que em pessoas com um bom sistema imunológico, a doença pode passar despercebida. “É importante lembrar que os casos que precisam de atendimento são a minoria, em torno de 20% do total”.

 

O tratamento da Covid-19 é parecido com o de uma gripe, com analgésicos, antitérmicos, repouso, boa alimentação e boa ingestão de líquidos. A pessoa diagnosticada com a doença deve ficar em isolamento domiciliar – a recomendação do Ministério da Saúde em caso de coronavírus é de isolamento de 14 dias.

 

De acordo com a Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do Coronavírus da UFPR, é de se esperar que uma parcela da população tenha resistência natural ao vírus. Isso quer dizer que nem todos que se infectarem apresentarão a doença. “Além disso, supondo que a doença estimule uma imunidade permanente, quando existir um certo número de infectados, ela deixa de circular livremente. Isso porque, nesse caso, a pessoa que tem o vírus provavelmente vai ter contato com uma imunizada, que não terá a doença”, acrescenta Cristina.

 

Estrutura para conter a pandemia

 

Aproximadamente 70% da população brasileira depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Ministério da Saúde. Para muitas pessoas, é o SUS que possibilita um tratamento adequado para o coronavírus. “O Brasil tem um sistema muito variável de região para região, mas o SUS é fundamental para os que adquirem um quadro mais grave, que precisam ser internados em enfermarias ou UTIs. O sistema de saúde privado aporta apenas de 20% a 25% da população”, aponta a pesquisadora Cristina.

 

De acordo com dados da Secretaria de Atenção à Saúde, no Paraná, existem 27.494 leitos no estado, sem contar os complementares (aqueles com características especializadas). Desses, 18.486 são do SUS. Ações estão sendo tomadas pelos municípios, orientados pelo Ministério da Saúde, para que a rede se articule e consiga atender os pacientes com a Covid-19 e também quem está sofrendo por outra enfermidade. “Existem regiões do país com problemas sérios com dengue e sarampo, além de outras doenças. Esse surto de coronavírus torna o tratamento dessas doenças um desafio ainda maior. UTIs e leitos estão sendo providenciados para dar suporte ao sistema de saúde”, afirma Cristina.

 

A pesquisadora reforça a importância das medida preventivas. “Mesmo que o sistema de saúde esteja pronto para atender, se muitas pessoas ficarem doentes ao mesmo tempo, ele vai sobrecarregar. Com as medidas preventivas, conseguimos diluir esse processo,fazendo com que nem todas as pessoas adoeçam ao mesmo tempo”.

 

É importante ficar atento às recomendações do Ministério da Saúde, como evitar aglomerações, higienizar sempre as mãos, evitar contato físico, cobrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir, manter os ambientes ventilados e não compartilhar objetos de uso pessoal.

(Foto: Marcos Solivan/Sucom-UFPR)

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!