O goalball é a única modalidade entre as 22 que integram a Paralimpíada de Tóquio (Japão) que não é uma adaptação de um esporte convencional. Ela foi criada logo após a Segunda Guerra Mundial pelo alemão Sepp Reindle e pelo austríaco Hanz Lorezen, para reabilitar veteranos que perderam a visão durante os combates. A estreia oficial nos Jogos foi em Arnhen (Holanda), em 1980, quatro anos após ser apresentada na edição de Toronto (Canadá).
O esporte é voltado tanto a cegos totais como pessoas com baixa visão. Todos utilizam vendas nos olhos para competirem em igualdade. São três jogadores de cada lado da quadra, que tem nove metros de largura e 18 de comprimento. A bola possui 76 centímetros de diâmetro, 1,25 quilos e contém guizos no interior, cujo som auxilia os atletas a localizá-la. Por isso, é necessário que a partida seja disputada em silêncio.
A esfera é arremessada em direção a uma meta que tem a largura da quadra e 1,3 m de altura. A jogada deve ser rasteira ou tocar o solo pelo menos uma vez, em áreas obrigatórias, justamente para o guizo ser escutado. O jogo é disputado em dois tempos de 12 minutos, mas pode ser encerrado antes se uma das equipes chegar a dez gols de diferença no placar.
O histórico do goalball na Paralimpíada é de equilíbrio, com oito campeões diferentes (em dez edições) entre os homens e sete (em nove torneios) entre as mulheres. No masculino, a Finlândia é a seleção de mais sucesso, com os mesmos dois ouros da Dinamarca, mas uma medalha de prata a mais. No feminino, Canadá e Estados Unidos são bicampeões, mas as norte-americanas marcaram presença mais vezes no pódio (seis) que as rivais (cinco).
No Brasil, o goalball é praticado desde 1985, trazido pelo professor Steven Dubner, do Centro de Apoio aos Deficientes Visuais (Cadevi), em São Paulo, que conheceu a modalidade nos Estados Unidos. No início, alguns equipamentos eram improvisados, como a bola (utilizava-se uma de futebol com guizos ou coberta por um plástico, para simular o barulho) e as traves (bancos suecos deitados).
Três décadas depois, o Brasil se tornou uma das maiores potências do esporte no mundo. Bicampeão mundial, o time masculino lidera o ranking da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, sigla em inglês), além de ter duas medalhas paralímpicas: prata em 2012, em Londres (Grã-Bretanha), e bronze em 2016, no Rio de Janeiro. Já a equipe feminina, bronze no Mundial de 2018 e terceira melhor seleção do mundo, foi quem colocou o goalball brasileiro pela primeira vez nos Jogos, na edição de 2004, em Atenas (Grécia).
Brasileiros na Tóquio 2020
A seleção masculina integra o Grupo A, com Lituânia, Estados Unidos, Argélia e Japão. Pelo horário de Brasília, a estreia será nesta terça-feira (24), às 21h, contra os lituanos, atuais campeões paralímpicos. Na quinta-feira (26), a partir de 1h15, o duelo será com os norte-americanos. Na sexta-feira (27), os brasileiros fazem, diante dos argelinos, o último jogo de um bloco de três partidas, que começa às 5h30. No sábado que vem (28), às 21h, o time finaliza a participação na primeira fase enfrentando os japoneses.
A equipe feminina terá pela frente Turquia, Estados Unidos, Japão e Egito. As norte-americanas, medalhistas de bronze na Rio 2016, são as primeiras adversárias, na quarta-feira (25), na partida que encerra o bloco que inicia às 5h30 (também pelo horário de Brasília). Na quinta, no segundo jogo do bloco das 21h, as brasileiras encaram as japonesas. No sábado, as rivais serão as turcas, atuais campeãs paralímpicas, no último duelo da série que começa às 5h30. No outro domingo (29), finalizando a rodada das 21h, a seleção nacional mede forças com as egípcias.
Os quatro melhores times das chave, nos dois naipes, avançam às quartas de final. O mata-mata masculino começa dia 31 de agosto, enquanto o feminino inicia no dia seguinte. As duas finais estão marcadas para o dia 3 de setembro. As partidas serão disputadas no Centro de Convenções Makuhari Messe, na cidade de Chiba, a 40 quilômetros de Tóquio.
(Texto: Lincoln Chaves/Agência Brasil. Foto: Takuma Matsushita/CPB)