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Raphael Montes reúne centenas de fãs para bate-papo na Flim 2025
Por Administrador
Publicado em 11/10/2025 17:45
Notícias de Maringá

Reconhecido por obras de suspense e pela complexidade de personagens marcantes para a literatura brasileira contemporânea, o escritor e roteirista Raphael Montes foi um dos convidados da 12ª Festa Literária Internacional de Maringá (Flim). Na quinta-feira, 9, centenas de pessoas acompanharam o bate-papo do autor durante a programação da festa.

 

Autor de sucessos como ‘Jantar Secreto’, ‘Dias Perfeitos', ‘Bom Dia, Verônica’ e ‘Uma Mulher no Escuro’ (vencedor do Prêmio Jabuti em 2020), Raphael Montes foi roteirista-chefe e produtor-executivo da primeira novela da Warner Bros. Discovery, ‘Beleza Fatal’, e da série ‘Bom Dia, Verônica’ na Netflix, vencedora do prêmio APCA 2020. Antes do bate-papo na Flim, o autor recebeu equipe da Prefeitura de Maringá para uma entrevista sobre a trajetória, processo criativo e a importância de iniciativas como a Flim 2025 para aproximar o público da literatura.

 

Prefeitura de Maringá: A Flim está na 12ª edição em 2025 e se consolida como uma das principais festas literárias do Paraná. Para você, qual a importância da Prefeitura promover este evento e qual o impacto para a população?

Raphael Montes: Como escritor, tenho a alegria de viajar pelo Brasil falando sobre meus livros e encontrando leitores. Felizmente, a quantidade de eventos literários tem crescido graças às prefeituras, como aqui em Maringá, cidade que já tive a chance de vir algumas vezes para falar sobre literatura. Acho mágico que a literatura é uma conexão muito profunda entre quem escreve e quem gosta de ler. É muito profundo porque você, da sua casa, imagina o que escrevi. E, de algum modo, o evento literário celebra esse encontro no final. Ou seja, a gente se aproxima e tem a chance de estar perto para bater papo, discutir ideias, pedir mais, discordar ou concordar. Fico muito feliz em estar presente aqui na Flim.

 

Para você, qual é a maior diferença entre escrever um livro e roteirizar uma série? Qual formato te dá mais liberdade para a criatividade?

As diferenças são várias. A função dos dois é a mesma, a de contar uma boa história, mas as ferramentas disponíveis são diferentes. Na literatura você tem o narrador, o ritmo das frases, o parágrafo e o tamanho dos capítulos. No suspense, atualmente, está na moda fazer capítulos em que um é da visão de um [personagem], depois outro da visão de outro [personagem], uma espécie de mosaico de visões dos personagens. Então, você tem essas ferramentas, a partir de que ponto de vista contar [a história]. No cinema e na televisão, há outras ferramentas, como a montagem e a colagem das cenas. Em uma cena de suspense, sobe uma trilha e a trilha te deixa nervoso. Então, você tem outros elementos para contar a mesma história e tem que ser visual, enquanto na literatura você pode entrar na cabeça do personagem. O formato que me dá mais liberdade é a literatura, sem dúvida. Por isso nunca vou deixar de fazer literatura.

 

Nos seus livros, além do enredo envolvente, você costuma trazer uma crítica a algum aspecto da sociedade. Existe mesmo essa intenção de inserir esse algo a mais nas suas obras? Isso acontece naturalmente ou você já tem como objetivo ao escrever a obra?

Foi algo que foi nascendo ao longo dos livros. No meu primeiro livro, que escrevi dos 16 aos 19 anos, confesso que não tinha qualquer pretensão de discutir assuntos. Queria contar uma boa história, escrever o livro e publicar. Ao longo dos livros, fui percebendo que falar de suspense e de literatura policial é também falar de sociedade e de violência. Nessa medida, você pode, ao falar de violência, falar sobre machismo, racismo, homofobia e outras questões do nosso dia a dia e, infelizmente, da nossa sociedade, que ainda são presentes, sobre o mundo de aparências que a gente vive, o cancelamento das redes sociais, as desigualdades sociais e sobre uma elite que se considera quase uma outra raça diferente, de uma alta sociedade que se considera melhor do que as pessoas mais pobres. Enfim, a partir do meu segundo livro, passou a ser mais, digamos, proposital, tendo sempre uma provocação. Não acho que seja uma lição de moral, é mais uma pergunta, uma provocação mesmo sobre assuntos que me interessam. Então, é o que eu tento fazer a cada livro.

 

Há alguma leitura que te inspirou a se tornar escritor?

O livro que li, que tive essa sensação, foi: ‘E Não Sobrou Nenhum’, da Agatha Christie. Tanto que o primeiro livro que escrevi é claramente inspirado nesta obra.

 

Qual dica você daria para jovens escritores que desejam seguir na literatura e ter livros publicados?

Escritor é quem escreve, não quem publica. Publicar é uma consequência muito boa. Pessoalmente, sempre quis ter leitores, então para mim é importante. Ou seja, me alimento do retorno, das críticas, de tudo. Isso me ajuda a pensar e a querer fazer o próximo livro. A dica que eu dou é escrever. Vejo muita gente que quer escrever, pensa em escrever, mas não senta e escreve. Tem que escrever, porque escrevendo você pratica. Pode ser que não fique bom, e as primeiras coisas que eu escrevi também não eram boas. Vamos melhorando e descobrindo, mas na verdade nunca achamos que está bom. Até hoje, o próximo livro é sempre um novo desafio, mas quando você pratica sempre, acaba funcionando em algum momento.

 

Para as pessoas que querem conhecer suas obras, mas ainda não sabem por onde começar, qual é o livro que você indica?

É legal começar ou por ‘Uma Família Feliz’, que é o meu livro mais recente, que tem um filme com a Grazi Massafera e  Joanne Kine, ou por ‘Dias Perfeitos’, que também virou série agora no Globoplay. Tanto ‘Família Feliz’ quanto ‘Dias Perfeitos’ estão no Globoplay, então vale ler o livro e depois assistir. Digo isso porque, apesar de serem histórias ainda fortes e de suspense, que você não vai conseguir parar de ler, são um pouco mais leves do que as outras. 

(Fonte: Comunicação PMM)

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