Como lidar com os desequilíbrios que aparecem durante o treino e mostram exatamente aquilo que nos parece o inimigo número um da performance, nossas fragilidades? Para Fernanda Surian, atleta de alta performance há mais de 5 anos, o primeiro passo é a auto-observação. “Sem ela, sem entender o seu funcionamento físico e mental, talvez seja bem possível que você só descubra um desequilíbrio quando já é necessário tratar dele, e não prevenir”.
Fernanda conta que passou por uma situação limite este ano: “tive problemas com meu quadril e só descobri a causa porque tive ajuda: eu compensava a força pra um lado, sempre. E esse movimento, quase imperceptível, estava machucando meu fêmur e o osso do sacro. Se eu não levasse muito a sério essas diferenças que eu noto em mim e na hora de treinar, poderia ter virado uma lesão, o que não aconteceu”, revela.
Mas, para a atleta, foram 3 meses de dores até descobrir a causa e aí, uma sequência de mudança nos treinos, trabalho de musculação para estabilizar o quadril e trabalhar os músculos corretos e ajuda do coach Diego Figueiroa, para, então, começar a melhorar. Fernanda conta que, depois de encontrar o foco do problema, levou poucas semanas para a dor sumir: “mas, enquanto isso não aconteceu, eu tive que lidar com frustração, adaptação e diminuição no ritmo do treino, coisa que atleta nenhum gosta”.
E se conhecer é um processo sem fim: “recentemente, descobri que uma das minhas escápulas não responde igual na hora da força e já estamos trabalhando isso, antes que eu começasse a compensar e a dor aparecesse. O que acontece é que, muitas vezes, temos diferenças na resposta do corpo, mas temos muita força e muita flexibilidade, então, se não tivermos ajuda, não percebemos essa compensação”, explica Fernanda.
Para ela, é daí que os problemas surgem: “da não observação, de fecharmos, em nome da performance, os olhos para detalhes que podem fazer muita diferença lá na frente. Ser atleta é um processo de construção e precisa, sim, de ajuda, especialmente pra quem não tem base atlética”.
Quem deseja crescer precisa dar passos firmes, mesmo que mais lentos, lembra a atleta: “não deixe que a gana de fazer melhor te impeça de pedir ajuda. O ser humano tem essa mania de ser super homem e mulher maravilha, mas os profissionais estão aí para cumprir um papel, importante: nos ajudar a percorrer um caminho com menos percalços, mesmo que ele seja um pouquinho mais longe. Temos vontade de ser perfeitos, mas não somos. Entender as limitações e construir treinos adaptáveis é uma questão de saúde, humildade e, por que não, de performance”, finaliza.
Sobre Fernanda Surian
Professora de inglês desde 2008, Fernanda já coordenou professores, deu aula fora do Brasil e agora oferece um curso próprio com foco em inglês instrumental. Formada em nutrição, Fernanda foi se especializar no inglês cursando tradução e legendagem. É certificada por Cambridge e pelo CELTA. Em 2014, Fernanda se apaixonou pelo mundo do Crossfit e começou uma carreira de atleta de alta performance. Desde 2016, Fernanda uniu os dois mundos e hoje compartilha em seu blog informações preciosas sobre técnica, treino e autoconhecimento e oferece cursos com foco nesse universo do esporte, para ajudar coaches e alunos a melhorarem seu desempenho.
(Por Fernanda Surian)
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