Dois dos maiores nomes do boxe olímpico brasileiro nos últimos ciclos foram estrelas da oitava edição, a primeira do ano, do Boxing for You de 2020, nesse final de semana em São Paulo. Esquiva Falcão, o primeiro pugilista nacional a conquistar uma prata em Jogos Olímpicos, na edição de Londres 2012, na categoria peso médio (até 75 kg), venceu por nocaute o argentino Jorge Daniel Miranda por nocaute técnico no início do quinto round. Miranda desistiu da luta depois de ser castigado pelo brasileiro.
Comemorando essa que foi a vigésima sexta vitória em 26 lutas na carreira, Esquiva deixou um recado para a equipe que vai buscar as vagas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Pré-Olímpico das Américas (veja a lista completa abaixo), entre os dias 26 de março e 3 de abril, em Buenos Aires, na Argentina. " Temos vários nomes excelentes. Todos precisam confiar em si mesmos. Nunca desistir. O próprio Robson Conceição foi a duas olimpíadas sem sucesso. E na terceira foi ouro. Eu mesmo saí da comunidade humilde e fui medalhista olímpico e hoje sou um dos nomes fortes do Brasil para conquistar um cinturão de campeão mundial no boxe profissional", lembrou o capixaba, que está na quinta colocação no ranking do Conselho Mundial de Boxe.
Em Buenos Aires, estarão em jogo, em todas as categorias olímpicas, 33 vagas no masculino e 16 no feminino. Após o Pré-Olímpico das Américas, haverá ainda uma última possibilidade de qualificação para Tóquio. Será no Pré-Olímpico mundial, entre os dias 13 e 20 de maio, em Paris, na França.
Desde 2012, além da medalha do próprio Esquiva, o Brasil conquistou mais três medalhas (Yamaguchi Falcão - bronze nos 81 kg - e Adriana Araújo - bronze nos 60 kg -, em Londres, e o ouro de Robson Conceição nos 60 kg, no Rio de Janeiro, em 2016).
Questionado sobre o futuro no boxe profissional, Esquiva Falcão deixou no ar a possibilidade de a luta pelo título mundial acontecer já no mês de abril. " Ouvi alguns boatos, mas sem a confirmação oficial, de que, vencendo o combate aqui em São Paulo, a minha próxima luta seria pelo cinturão mundial. Mas, estou tranquilo. Prefiro fazer o meu trabalho, vencer as lutas e aguardar o momento certo. Ainda feliz com o décimo sétimo nocaute da sua trajetória, ele também relevou o desejo de conversar com o empresário Bob Arum (dono da empresa Top Rank). "Só preciso de uma oportunidade. Ele sabe que se eu lutar contra qualquer um do meu peso (até 73 quilos - peso médio), vou ganhar. Mas, se eu pudesse escolher, gostaria que fosse o cinturão do Conselho Mundial de Boxe, a mesma organização pela qual o Éder Jofre e o Miguel de Oliveira foram campeões". No momento, o adversário do brasileiro seria o norte-americano Jermall Charlo, invicto depois de 30 lutas, com 22 nocautes.
Campeã mundial Silver
Depois de superar por pontos a venezuelana Estheliz Fernandez e manter o cinturão mundial silver da categoria superleve (até 63,5 kg), do Conselho Mundial de Boxe, Adriana Araújo, que se manteve também invicta no boxe profissional ( são seis vitórias ), também falou sobre as lutadoras que irão buscar as vagas nos jogos de Tóquio, principalmente sobre a campeã mundial de 2019, Bia Ferreira (ouro no Mundial da Rússia na categoria "até 60 quilos", a mesma da Adriana, durante a trajetória olímpica da lutadora). “A Bia já tinha os olhos vidrados para o boxe desde pequena, quando o pai a levava para treinar com a gente na academia lá em Salvador. A oportunidade de ela ter treinado comigo na seleção, com certeza, abriu a mente dela. Fico feliz porque a Bia está seguindo os mesmos passos. Digo que ela está honrando a categoria”, afirma.
A boxeadora baiana lembra que muita coisa mudou desde o seu tempo de amadora. "Na minha época, a Confederação Brasileira de Boxe [CBBoxe] não podia sequer pagar nossas passagens, pois o boxe feminino não era olímpico. Só a partir de 2010, quando [a modalidade] foi introduzida no programa olímpico. Antes, disputei Pan-americano e Mundial por conta própria, tendo que me preocupar com treinamento, passagem, passagem de treinador, hospedagem, pagamento do torneio. As meninas de hoje entenderam o chamado. Que se uma pode ser campeã, a outra também pode. Teve a Roseli Feitosa [primeira brasileira campeã mundial pela Aiba] em 2010, agora a Beatriz dando continuidade. Fico feliz que elas estão tendo essa estrutura e fazendo por onde”, acrescenta.
Questionada sobre o seu futuro, ela disse que já sabe o que vai fazer nas próximas semanas. " Descansar. Quero recuperar um pouco o meu corpo e curtir essa vitória contra uma adversária forte, que veio também do boxe olímpico. E só daqui a um tempo quero pensar na próxima luta. Claro que gostaria que o próximo combate fosse pelo título mundial, mas vou conversar sobre isso com os meus empresários só nos próximos meses".
Convocados para o Pré-Olímpico
Feminino
51 kg – Graziele de Jesus
57 kg – Jucielen Romeu
60 kg – Bia Ferreira
69 kg – Beatriz Soares
75 kg – Flávia Figueiredo
Masculino
52 kg – Luiz Oliveira
57 kg – Carlos Rocha
63 kg – Wanderson Oliveira
69 kg – Luiz Fernando
75 kg – Herbert Conceição
81 kg – Keno Machado
91 kg – Abner Machado
+ 91 kg – Joel Silva
(Graça Adjuto/Agência Brasil. Foto: Washington Alves/COB)