Para os atletas, a Missão Europa tem como principal objetivo ajudá-los na retomada dos treinamentos visando os Jogos Olímpicos de Tóquio. Após quatro meses de pandemia, muitos deles puderam finalmente voltar ao seu “habitat natural”: piscina, ringue, tatame, tablado e mar. Mas este não foi o único reencontro que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) proporcionou à delegação nacional. No caso dos 74 atletas que já estão em Portugal, a viagem marcou ainda o retorno das parcerias com seus treinadores.
Foi o caso do nadador Fernando Scheffer e do técnico Sérgio Onha Marques, o Serjão. Com a paralisação das atividades no Minas Tênis Clube, eles voltaram para suas casas e mantiveram contato apenas de forma virtual. Agora, no Rio Maior Sports Centre, tudo parece mais próximo da normalidade: enquanto um dá suas braçadas, o outro passa instruções na borda da piscina. E com um objetivo claro: atingir bons níveis técnico e físico até o fim do ano.
“O Scheffer é um grande nadador, muito focado. Infelizmente, devido à pandemia, ele precisou ficar alguns meses afastado das piscinas. Conseguimos retomar em uma academia no Brasil após dois meses, mas fazia muito tempo que ele não trabalhava em piscina longa. Como ele é nadador de meio-fundo, a ideia em Rio Maior é crescer o volume de treino a cada semana e, se tudo der certo, disputar o Troféu Brasil em dezembro. Depois disso, planejamos a jornada rumo a Tóquio 2021”, explica Serjão, que ajudou o pupilo a conquistar duas medalhas de ouro (200m livre e 4x200m livre) e uma de prata (400m livre) nos Jogos Pan-americanos Lima 2019.
“Nos dois primeiros dias de treino estava cansado, mas depois já me senti muito bem na água. Acho que é uma crescente. A vida aqui fica muito fácil, nos preocupamos apenas em treinar e descansar”, complementa o nadador gaúcho, de 22 anos, que equipou sua casa com aparelhos de musculação e uma bicicleta ergométrica durante a quarentena.
TREINAMENTOS ONLINE NAS MODALIDADES COLETIVAS
Esta mesma dificuldade foi enfrentada por atletas e treinadoras da ginástica rítmica e do nado artístico. Apesar de terem atletas morando na mesma cidade – a GR possui seleção permanente em Aracaju (SE) e o nado conta apenas com representantes cariocas –, nenhuma delas conseguiu se reunir. Nos dois casos, a alternativa encontrada para minimizar o prejuízo foram os treinos online.
“Realmente ficamos paradas, desde o fim de março. Não tinha piscina nenhuma, nem a do prédio. Tive que me reinventar com elas e organizar treinos online, enquanto os preparadores físicos do Time Brasil disponibilizaram equipamentos para elas treinarem em casa”, diz Twila Cremona, treinadora do dueto brasileiro.
“Às terças e quintas, eu passava exercícios mais voltados ao nado: flexibilidade, alongamento e abdominal. Às segundas, quartas e sextas, nos encontrávamos para uma reunião e, a cada semana, fazíamos algo diferente. Fazíamos, por exemplo, marcações da coreografia fora da água, junto com a música, mas com movimentos de braço”, finaliza Twila, que também comanda a equipe de nado artístico do Fluminense.
Em menos de duas semanas, a Missão Europa já conta com atletas de sete modalidades diferentes: boxe, nado artístico e natação (Rio Maior); ginástica artística e ginástica rítmica (Sangalhos); judô (Coimbra); e vela (Cascais). A expectativa é que mais de 200 esportistas passem pelas quatro bases do Time Brasil até dezembro de 2020.
(Foto: Alexandre Castello Branco/COB)
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